A DOUTRINA DA ELEIÇÃO CORPORATIVA
LEITURA: EFÉSIOS CAPÍTULO 1
Introdução:
Ao estudarmos o assunto da eleição não
podemos perder de vista que estamos perante um dos temas mais profundos das
escrituras e um dos que mais se aproximam dos fundamentos dos propósitos
Divinos. Pensamos que poucas coisas terão sido idealizadas por Deus antes da
eleição e que esta é mesmo um dos fundamentos dos Seus desígnios eternos.
Como tudo o que se relaciona com os desígnios
de Deus, entendemos que é essencial à compreensão deste assunto dominar e saber
aplicar o plano dispensacional. Cremos mesmo que muita da confusão que hoje
existe à volta deste assunto, e de muitos outros, deriva directamente da
incompreensão, e muitas vezes desprezo, pelos desígnios de Deus com as sua
épocas, “os tempos e estações” (1Ts 5:1), tal como encontramos nas Escrituras
Sagradas. Só a distinção clara do plano de Deus para Israel e para a Igreja
Corpo de Cristo nos abrirá o horizonte relativamente a este assunto. Não
ignoramos no entanto a sua profundidade, conscientes de que ao analisá-lo
estamos a nos abeirar dos desígnios eternos de Deus pensados na eternidade
passada.
1- O que é a
eleição?
A eleição consiste no acto soberano de Deus
em escolher aqueles que entendeu necessários para concretizar os seus planos.
Os eleitos possuem características próprias de acordo com o propósito para que
foram eleitos.
O acto da eleição deu-se “antes da fundação”
do mundo ou seja antes do primeiro instante da criação (a palavra “fundação”
refere-se, comparativamente, ao momento em que se dá a fecundação do óvulo no
ventre materno).
A eleição é a resposta de Deus aos desastres
das Suas criaturas. Pela eleição Deus preveniu-se contra o pecado sendo os
eleitos revestidos de características capazes de contrariar o progresso do
pecado e da derrocada da criação. E mais que isso viabilizar o progresso dos
propósitos divinos pela eternidade futura.
A eleição é um dos maiores hinos à graça de
Deus; ela exemplifica a misericórdia de Deus para com os homens.
A eleição é também um desígnio soberano de
Deus e não uma permissão. Por isso a vocação dos eleitos não depende da sua
conduta mas da vontade de Deus. Todo o crente da Graça é diante de Deus “santo,
irrepreensível e inculpável” quer o seja ou não na sua vida prática. Aliás a
predestinação celestial da Igreja não permitiria menos do que isso.
Queremos ainda dizer que quando a escritura
diz que fomos “eleitos antes da fundação do mundo” isso não quer dizer que
existiu um momento em que fomos eleitos mas que a eleição pertence à
eternidade. Os propósitos de Deus são eternos (Ef. 3:11). Não queremos dizer
com isto que a idealização por parte de Deus dos Seus planos não tenha
acontecido sob determinada forma e ordem mas que não podemos quantificar os
métodos de Deus sob parâmetros humanos como por exemplo o tempo ou o espaço.
2- Quem são
os Eleitos?
Ao
contrário do que é frequente ouvirmos não reconhecemos nas escrituras a eleição
de pessoas salvas em detrimento dos perdidos. Convém lembrar que a eleição
remonta à eternidade passada e que nada tem a ver com a salvação das almas pois
quanto a isso a vontade de Deus é muito clara.
O
que pensamos ser claro nas escrituras é a eleição de dois povos, ao que
chamamos de eleição corporativa. De facto o que o Senhor elegeu foi Israel como
povo com uma vocação terrena para dar resposta ao problema do pecado na terra,
e um povo com uma vocação celestial para dar resposta ao problema do pecado no
céu.
Israel:
Todos reconhecem a chamada enquanto povo da nação terrena do Senhor. Em 1 Reis
3:8 lemos através do rei Salomão acerca do “povo que elegestes”. O apostolo
Paulo reafirma o mesmo em Ro 11:28.
Não
sabemos quando foi decretada a eleição de Israel mas não custará a crer que
aconteceu junto com os demais desígnios Divinos, tanto mais que em Ef. 3:11
estes são chamados no singular como “eterno propósito”.
No
entanto é de referir que tudo quanto diz respeito a Israel tem como referencia a “fundação do mundo”. Certamente
que isto está relacionado com a vocação terrena do povo, cuja existência é
temporária e limitada a este mundo. Quando Abraão foi chamado, Deus disse-lhe
que faria dele uma grande nação, e que daria a terra de Canaã à sua
semente. Depois quando olhamos um pouco
mais para aquilo que Deus deu a Israel, vemos que todas as bênçãos que eles
receberam eram exclusivamente em relação à terra. Eles seriam felizes na terra, livres dos seus
inimigos, abençoados com uma boa colheita, abençoados no seu amaçar do pão, o
seu gado, as suas vinhas, os seus ventres.
Tudo de bom que Deus podia dar ao homem na terra Ele prometeu a Israel,
desde que atentassem para as Suas palavras. Tudo está relacionado com esta vida
e com este mundo e não com o céu.
A
Igreja: Ao contrário de Israel a eleição da Igreja está claramente referenciada
à eternidade passada “... elegeu nele antes da fundação do mundo” e diz respeito
a uma vocação exclusivamente celestial. Esta tal com o próprio céu de Deus
permanecerá eternamente. No entanto se quanto a Israel ninguém tem dúvidas a
respeito da sua eleição enquanto povo, a respeito da Igreja da presente
dispensação muitos se levantam esquecendo as palavras do apóstolo a Tito 2:14
“...povo especial, zeloso de boas obras” ou ainda 2Co 6:16 “E que consenso tem o templo de Deus com os
ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles
habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu
povo.”, ou até Ro 9:25 “Como também diz em Oséias: Chamarei meu povo ao que não
era meu povo; E amada à que não era amada”, para falar de uma eleição
individual em detrimento de outros. De facto Deus nunca elegeu ninguém em
detrimento de outros mas mais uma vez elegeu um povo, mas este ao contrário de
Israel com vocação para o céu, para a presença de Deus.
Tal como em Israel, a vocação da Igreja nada
tem a ver com a salvação das almas. Estes povos foram eleitos ou escolhidos
“para” cumprirem com “a vocação para que foram chamados”. Assim a vocação
celestial da Igreja implica que sejamos dotados de características celestiais e
não terrenas. Desde a vida do crente à sua relação com Deus, passando pela sua
esperança e herança, tudo aponta para as regiões celestiais. A eleição da
Igreja, também chamada de “eleição da graça”, tem também uma componente prática
e o apóstolo dos gentios, corroborado por Pedro, associa a nossa vida prática
ao carácter da nossa eleição (celestial) – Col 3:12; 2Pe 1:10. No entanto podemos questionar: não são os
crentes chamados de eleitos? Sim, e muito naturalmente, no entanto isso não é
um adjectivo do crente mas um título (Ap. 17:14). É o mesmo que um membro do
povo de Portugal ter o título de português. Um membro de um povo eleito é um
eleito não porque Deus o tenha escolhido de uma forma individual mas porque
pertence ao povo eleito.
3 - A
Vocação da Igreja
Convém
começar por salientar que este assunto da vocação da igreja é vastíssimo sendo
em si mesmo o tema que o apóstolo Paulo desenvolve ao longo das suas epístolas.
Entendemos no entanto que é importante abordá-lo neste momento, ainda que
abreviadamente.
A
vocação da Igreja da presente dispensação, ao contrario do que possa parecer à
primeira vista, é um assunto com uma vertente prática muito clara. Nós não
fomos chamados apenas para conhecer a nossa vocação mas para andar de acordo
com ela: “que andeis como é digno da vocação com que foste chamados” (Ef. 4:1). Deus está interessado em fazer uma obra
gloriosa de santificação no Seu povo, no entanto não uma santificação qualquer
mas de acordo com a presente vocação: “Por isso também rogamos sempre por vós,
para que o nosso Deus vos faça dignos da sua vocação, e cumpra todo o desejo da
sua bondade, e a obra da fé com poder” (2Tim 1:11).
A
vocação da Igreja Corpo de Cristo, tal como tudo o que lhe diz respeito, é
celestial e espiritual: “Por isso, irmãos santos, participantes da vocação
celestial...” (Heb 3:1). Tudo o que diz respeito à igreja diz respeito ao céu e
ao plano de Deus para ele. Hoje os crentes devem viver com o seu olhar fixo
nele, andando e buscando as coisas próprias do céu e não as da vocação terrena:
“Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima”
– celestiais – “onde Cristo está assentado à destra de
Deus” (Col. 3:1). É por causa disto que as bênçãos, por exemplo, ao dispor dos
crentes hoje são por natureza celestiais e espirituais: “Bendito o Deus e Pai
de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos
espirituais nos lugares celestiais em Cristo;” (Ef. 1:3) – as coisas terrenas
como os bens materiais, saúde, e outras, ainda que lícitas quando vividas com
acção de graças, nem sequer devem ser chamadas de bênçãos, pelo menos no
sentido que a palavra de Deus lhes chama hoje.
Todos os aspectos da vida prática dos crentes
devem ser caracterizados pela natureza da nossa vocação, sendo que muitos dos
desvios verificados na vida de crentes sinceros advêm da incompreensão da sua
vocação, vivendo de acordo com práticas e comportamentos pertencentes à vocação
terrena de Israel. Isto é tanto mais importante quanto afecta não só o nosso
dia a dia como também a forma como nos relacionamos com Deus pela oração e
adoração. É frequente vermos crentes a orarem segundo os modelos que
encontramos nos evangelhos com petições que só a acção do Espírito para as
aperfeiçoar é que poderá fazer com que façam algum sentido aos ouvidos de Deus.
Até mesmo a forma como nos reunimos para cultuar o Senhor depende da
compreensão e prática da nossa vocação, caso contrário adorá-lO-emos não com
“salmos, hinos e cânticos espirituais” mas com manifestações físicas como
acontecia no tempo do povo terreno do Senhor.
Notemos
ainda que, tal como verificamos com a eleição, também a Vocação dos povos
eleitos é, nas suas particularidades, um acto soberano de Deus não dependente o
êxito ou fracasso humano: “Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana
vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Fil. 3:14). “Que nos salvou, e chamou com
uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio
propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos
séculos;” (2Tito 1:9).
Analisemos
as particularidades da nossa vocação:
A Essência
da Vocação
Cristo
é a “plenitude daquele que cumpre tudo em todos” e o fundamento, “a principal
pedra de esquina”, do “propósito eterno de Deus”. Ele é essência de tudo e
também da Vocação celestial da Igreja. Principalmente sobre a perspectiva da
Cruz, elemento fundamental dos ensinos da Graça, Cristo manifesta Deus sob
aspectos nunca antes conhecidos. Seja a intimidade de Deus nas Suas pessoas
Divinas, seja a Sua Graça, riquíssima misericórdia ou multiforme sabedoria (Ef.
2:4-9; 3:10). A Igreja Corpo de Cristo é o instrumento por meio do qual Cristo
Se revela aos homens.
Por
isso compreendemos a pretensão de Deus na chamada de Igreja: “Para louvor e
glória da Sua graça” (Ef. 1:6). A igreja é um povo essencialmente de adoradores
que exercerão essa função de modo particular no céu; mas já neste mundo o
Senhor espera vidas de adoração em cada crente. Fomos salvos para ser o “louvor
e glória da Sua graça” e não devemos esperar pela eternidade antes devemos procurar
viver desde este mundo uma vida que soe ao Senhor como um louvor verdadeiro e
sincero.
O Carácter:
“santos e irrepreensíveis”
Este
é o carácter da igreja aos olhos de Deus, um carácter digno do céu. Para a Sua
presença o Senhor não espera menos do que isto: “santos e irrepreensíveis”. O
povo celestial de Deus, a Igreja Corpo de Cristo, destina-se a viver no céu
pelo que o seu carácter tem que estar de acordo com a presença do Senhor.
Notemos que esta particularidade, exclusiva da Igreja, não está dependente da
vida terrena dos crentes mas da deliberação soberana de Deus: “Prossigo para o
alvo, pelo prémio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Fil. 3:14).
Foi Deus quem decidiu e que materializará esta obra, no céu. Hoje todo o crente
está, posicionalmente, sentado à “destra de Deus” e nesse lugar somos “santos e
irrepreensíveis”, embora na prática vivamos quase sempre longe deste elevado
estatuto. Mas “ausente do corpo, presente com o Senhor” o crente entra no gozo
pleno da sua vocação sendo tudo aquilo que o Senhor determinou para ele, no
céu.
No
entanto somos exortados a viver já neste mundo segundo esta vocação pelo que
devemos procurar viver de forma santa e irrepreensível – isto é não dando azo a
que sejamos repreendidos e nos culpem
por alguma “obra má” que pratiquemos.
A filiação
Uma
das novidades introduzidas pela nova vocação da Igreja foi a alteração dos
laços que relacionam os crentes com Deus. Nunca como agora os crentes tiveram
uma relação tão estreita com o Senhor. Na antiga Vocação os crentes nunca foram
chamados de filhos de Deus, antes esse titulo era geralmente atribuído aos
anjos. (Gn 6:4; Job 1:6, 2:1). No entanto na presente vocação os crentes têm um
novo estatuto: “E nos predestinou para filhos por adopção por Cristo Jesus,
para Si mesmo, segundo o beneplácito da Sua vontade,” (Ef. 1:5). Numa
manifestação clara da graça de Deus O Senhor fez de nós filhos de Deus, “não se
envergonhando de nos chamar irmãos” (Heb. 2:11). Deus assume agora uma nova
relação com os crentes, de “Deus e Pai”, abrindo-nos portas para uma vida
prática de íntima comunhão com Ele.
Mas mais que isso. Os crentes da vocação
celestial aos serem feitos, por decreto soberano de Deus, “filhos por adopção”
são ainda integrados na “Família de Deus” (Ef. 2:19). Deus abriu
definitivamente as portas da Sua casa celestial permitindo que homens pecadores
mas salvos pela Sua graça sejam aceites como membros da Sua família, não numa
relação de parentes afastados mas na relação mais estreita da família: filhos.
E ainda que sejamos “filhos por adopção” não perdemos por isso qualquer
privilégio, devido ao facto de nossa filiação ser baseada no sangue derramado
pelo Senhor Jesus Cristo na cruz. Podemos mesmo dizer, com toda a reverencia,
que temos verdadeira uma relação de sangue com Deus.
Como
podemos ver isto é a graça superabundante de Deus que se compadeceu de homens
miseráveis como nós para nos transformar no que de mais sublime pudéssemos
imaginar.
O Corpo
Não
menos surpreendente é o papel que o corpo físico dos crentes tem na presente
vocação da Igreja. Obviamente a vocação celestial da Igreja, e dos seus
membros, pouco tem a ver com o carácter físico do homem. Tornou-se por isso
necessário que Deus trabalhasse no corpo. Este trabalho, também exclusivo da
dispensação da graça, tem dois aspectos distintos:
a)
No tempo presente o corpo do crente é a “morada de Deus em Espírito” (Ef.
2:20), “o templo de Deus” (1Co. 6:19). Nessa condição o Espirito de Deus sela o
crente e garante a sua herança (Ef. 1:13-14). A nossa vida prática deve ter em
conta a presença do Espírito permanentemente em nós.
b)
No futuro o corpo do crente será transformado por forma a se adequar às
realidades próprias do céu: “Que transformará o nosso corpo abatido, para ser
conforme o seu corpo glorioso, segundo o eficaz poder de sujeitar a si também
todas as coisas” (Fil. 3:21). “A carne e o sangue”, leia-se: esta carne e este
sangue, “não podem herdar o reino de Deus”, pelo que o Senhor determinou o
surgimento de uma nova natureza inicializada com o “Homem do céu”, o Senhor
Jesus Cristo. Os crentes receberão corpos gloriosos “semelhantes” ao Seu, para
viver no céu.
Estamos
em crer que o futuro será uma surpresa maravilhosa para todos.
A Cidadania
A
vocação da Igreja é caracterizada por um conjunto de aspectos que a tornam
completamente distinta da vocação terrena de Israel. Um dos mais contrastantes
é o que diz respeito à cidadania do povo “eleito antes da fundação do mundo”.
Enquanto Israel tinha uma cidadania terrena
a qual fazia depender todos os demais aspectos da sua vocação, a Igreja
Corpo de Cristo tem uma cidadania totalmente celestial: “ ... a nossa cidade
está no céu de onde esperamos o Salvador, O nosso Senhor Jesus Cristo” (Fil.
3:20). Daí que toda a nossa vida deva estar voltada para o céu, para as coisas
que são de cima e não das que são da terra – ou da vocação terrena. A política
que nos deve interessar deve ser a política celestial, as bênçãos que devemos
almejar devem ser as do céu, no qual está todo o nosso futuro. Isto deve ter
uma influência decisiva sobre a nossa vida, conforme demonstra o contexto de
Fil. 3:20: o contraste da vida “cujo Deus é o ventre” (Fil. 3:19) – o
materialismo – é o céu “de onde esperamos o Salvador, O nosso Senhor Jesus
Cristo”. A vida de acordo com os valores
celestiais é o modelo correcto para os dias em que vivemos, não somente por ser
a melhor forma de contrariarmos o desenfreamento deste mundo, mas porque essa é
a nossa vocação, independentemente do estado de degradação da humanidade. Somos
exortados a buscar os valores celestiais, os assuntos celestiais, a esperança
celestial, a política celestial, em detrimento dos antigos modelos da vocação
terrena de Israel.
Vivendo
desta forma certamente seremos “estrangeiros e peregrinos na terra” (Heb.
11:13) e “peregrinos e forasteiros” (1Pe 2:11).
Notemos
ainda o significado e a clareza de Heb.
11:14-16: “Porque, os que isto dizem, claramente mostram que buscam uma pátria.
E se, na verdade, se lembrassem daquela de onde haviam saído, teriam
oportunidade de tornar. Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por
isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes
preparou uma cidade.”
Esta
“cidade está no céu” – é a nossa pátria relativa à qual somos “concidadãos dos
santos e da família de Deus”.
A Herança
Poucas
coisas nos deverão espantar mais do que a graça de Deus para connosco relativa
à herança que nos está reservada no céu: “Para uma herança incorruptível,
incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós” (1Pe
1:4). Temos uma herança incontaminavel e incorruptivel enquanto povo, não
dependente do resultado do que individualmente obtirvermos no “tribunal de
Cristo”. Nesta condição somos “herdeiros de Deus e coherdeiros de Cristo,”
(Rom. 8:17). Sublime verdade. Quanto ultrapassa o nosso entendimento o amor de
Deus revelado em Cristo relativamente à vocação da Sua Igreja. Como podemos
nós, seres pecadores, depois de uma vida caracterizada por mais ou menos
pecados neste mundo, sermos abençoados com uma herança, nos céus, riquíssima,
sendo-nos atribuido tudo o que por direito próprio pertencia somente ao Senhor
Jesus Cristo. “Herdeiros de Deus e coherdeiros de Cristo”. Nunca se tinha visto
nada que se compare a isto.
O
crente da “presente verdade” tem todos os motivos para ter esperança, para
viver esperançoso tanto no que se refere à sua vida com Deus ainda neste mundo
como, e particularmente, quanto à eternidade. Precisamos abrir os olhos do
nosso entendimento para ver e crer nestas verdades: “Tendo iluminados os olhos
do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança de sua vocação, e
quais as riquezas da glória da sua herança nos santos” (Ef. 1:18). Ninguém é
mais rico que o crente da presente dispensação, nem mesmo aqueles a quem foi
prometido por herança a Terra. O céu com o Senhor Jesus Crsito é muito mais
sublime, muito mais nobre e deleitável.
Por
isso a esperança dos crentes devia ser uma só (Ef. 4:4), e não como
frequentemente acontece, crendo cada qual no que entender, esperando cada um
coisas diferentes.
Futuro da
Vocação
Depois
do que temos visto até este momento entendemos que dificilmente alguém deixará
de notar uma clara diferença dos propósitos de Deus para a Igreja relativamente
ao que anteriormente era conhecido. As diferenças são imensas ao ponto de
podermos mesmo dizer que a Igreja está tão distante de Israel quanto o céu está
da terra. Quase tudo o que diz respeito à Igreja é único, desde a sua eleição
“antes da fundação do mundo” até ao próprio futuro.
Se
nunca se tinha visto nada semelhante à Igreja Corpo de Cristo no que se refere
ao passado e presente, ainda maiores vão ser as diferenças no que respeita ao
futuro da vocação.
Primeiramente,
“os principados e as potestades” assistirão perplexos ao momento inigualável da
partida da Igreja para “encontrar o Senhor nos ares” (1Co 15; 1Ts 4). O
arrebatamento de um povo inteiro para o levar para o céu será um momento não
somente único como também transcendente, tanto para o homem como para os seres
celestiais. Humanamente ainda existem muitos crentes que não compreendem a
verdade do nosso arrebatamento confundindo a vinda do Senhor para a Igreja aos
ares com a Sua vinda à terra para o reino milenar, não compreendendo que este
evento acontecerá como último momento da “dispensação da graça de Deus” e como
verdadeiro clímax da “vocação celestial” da Igreja, antes por isso do início da
grande tribulação; ignoram a ordem da partida: “os que morreram em Cristo
ressuscitarão primeiro, depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados
juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim
estaremos para sempre com o Senhor” (1Ts 4:16-17). Só o estudo atento da
Palavra de Deus com um espírito aberto, reconhecendo a sabedoria que o Senhor
tem dado aos seus servos para compreenderem e ensinarem estes assuntos é que
nos poderá abrir e renovar o entendimento das particularidades da vocação
terrena para o deleite e vida prática da vocação celestial para que fomos
chamados.
No
entanto o arrebatamento da Igreja é apenas o começo do futuro que nos está
reservado. De facto depois de retirados deste mundo partiremos para o céu, para
a nossa verdadeira pátria. Uma vez em casa seremos tudo quanto o nosso Deus
projectou para nós, entraremos na posse da nossa posição e seremos na prática
tudo o que hoje somos na posição em Cristo, à mão direita de Deus. Como temos
dito o céu é o nosso destino e está lá o nosso futuro. O verdadeiro crente
encontrará tudo o que busca no céu onde cumprirá uma função importantíssima
como adorador de Deus: “Para louvor e glória da Sua graça” (Ef. 1:6). Seremos
plenamente o “louvor e glória da Sua graça” e a expressão física da “multiforme
sabedoria de Deus”.
Louvado
seja o nosso bendito Senhor pela Sua graça para connosco.
Terminamos
este capítulo lembrando as palavras de Pedro: “Portanto, irmãos, procurai fazer
cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais
tropeçareis. (2Pe 1:10).
4- A Eleição e a Salvação
Um
dos motivos mais controversos da doutrina da eleição diz respeito
particularmente à possibilidade colocada por muitos de Deus ter escolhido uns
para serem salvos deixando outros, por exclusão de partes irremediavelmente
condenados. Isto contraria tudo o que nós encontramos nas escrituras acerca da
graça de Deus. Podemos inventar as desculpas que quisermos para fazermos passar
esta versão errónea da eleição, mas isso nunca a tornará coerente nem
biblicamente lógica. Se há muitos que estão irremediavelmente perdidos então
porque morreu o Senhor “por todos os Homens”? Porque é oferecida a salvação a
“todos os homens”? O nosso bendito Deus, para além de todas as Suas
elevadíssimas virtudes, é um Deus extremamente coerente nunca se pondo em causa
ou contradizendo-se. Como dissemos anteriormente a eleição é uma das maiores
demonstrações da Graça ilimitada de Deus que idealizou todo o seu plano
soberano pensando na salvação de “todos os homens”. Por isso também a morte
sacrificial do Senhor Jesus Cristo foi conhecida desde antes da “fundação do
mundo” (1Pe 1:20). Diga-se mesmo que o Senhor conta com todos os homens para
executar os Seus planos. Tanto com Israel como na Igreja da presente época
todos os homens tiveram a possibilidade de se tornar membros do povo eleito,
sem que ninguém estivesse eliminado à partida. A salvação sempre foi oferecida
a todos, mesmo aos não Judeus que tinham a possibilidade de se tornarem
prosélitos:
Israel:
Ezequiel
18:32 “Porque não tenho prazer na morte
do que morre, diz o Senhor DEUS; convertei-vos,
pois, e vivei.”
No
entanto esta vontade de Deus em salvar o pecador incluía o próprio judeu porque
se corporativamente eram eleitos individualmente estavam perdidos pelo que
tinham necessidade de se converterem – “porque nem todos os que são de Israel
são Israelitas” (Ro 9:6):
Ezequiel
33:11 “Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor
DEUS, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do
seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos;
pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?”
Isto
tornou-se ainda mais claro depois da rejeição do Messias, porquanto lemos:
Romanos
11:28: “Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós (Igreja);
mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais (Israel).”
Igreja:
1Tim
2:3-6: “Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, Que quer que todos os homens se salvem, e
venham ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre
Deus e os homens, Jesus Cristo homem. O qual se deu a si mesmo em preço de
redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo.”
ATOS
17:30 “Mas Deus, não tendo em conta os
tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que
se arrependam;”
Tit
2:11 “Porque a graça de Deus se há
manifestado, trazendo salvação a todos os homens”
Custa
a entender como é possível que perante a clareza destes textos ainda exista
quem pense que o nosso amado Senhor tenha escolhido uns para serem salvos deixando
outros para a perdição. Que mais é que o Senhor nos terá de dizer para
compreendermos que o Seu desejo mais ardente é salvar “todos os homens”?
A
eleição nunca contemplou a salvação porque Deus não salva povos, mas almas (a
própria conversão de Israel ao Messias passava pelo arrependimento e batismo na
água de cada Israelita individualmente). São duas coisas completamente
distintas. Um eleito para o ser tem de se converter primeiro, e todos o podem
fazer. Isto é a Graça de Deus na verdadeira acepção da palavra. O nosso Deus é
um Deus de graça
É muito claro na palavra de Deus o Seu
ardente desejo em salvar almas, as quais para Ele valem mais que o mundo
inteiro: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua
alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” ( Mt 16:26). No entanto
este desejo de salvação em nada belisca os Seus planos eternos nem estes
estorvam à Sua vontade em salvar almas.
Conforme
podemos ver pelo texto de Efésios 1 existem um conjunto de aspectos que fazem
parte, por decreto Divino, da vocação da Igreja e consequentemente da nossa
eleição (por ex.: a essência, o carácter, filiação, herança, pátria celestial,
...) mas não encontramos qualquer referência à salvação.
É
contudo usual citar-se 2 Ts 2:13 para afirmar que Deus também nos elegeu para a
salvação: “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do
Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em
santificação do Espírito, e fé da verdade;”. De facto embora apareça aqui a
palavra “salvação” o facto é que ela não diz respeito à nossa alma mas ao
assunto tratado em todo o capítulo 2
desta epístola: a Grande Tribulação. O que ali diz é que na Sua bendita graça o
Senhor nos elegeu para nos salvar, à Igreja Corpo de Cristo, desse período
terrível que vai ser a Grande Tribulação. De facto este é também um dos factos
soberanos da eleição do povo celestial – que este não passaria pela Grande
Tribulação. Não é por mérito nosso ou como recompensa pelos serviços da Igreja
enquanto povo mas porque Deus assim decretou e definiu como um dos aspectos
para que fomos eleitos. Refira-se aliás que já em 1 Ts 5 quando o apóstolo
trata o mesmo assunto ele tem o cuidado de ressalvar esta verdade embora dito
de outra forma: “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição
da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo, ( 1 Ts 5:9).
5- A Eleição
e a Presciência de Deus
1Pe
1:2 “Eleitos segundo a presciência de
Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue
de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.”
Ninguém
pode negar a importância do atributo da presciência de Deus para o plano da
eleição, no entanto este não foi usado no sentido que tradicionalmente se
entende de que o Senhor sabendo antecipadamente os que se haviam de salvar, os
terá escolhido para determinado fim. Não que o Senhor não conheça
antecipadamente o coração do homem, pois só Deus conhece os intentos do coração
humano, mas o facto é que Deus não escolheu ninguém para ser salvo ou perdido.
Pensamos que esta verdade exalta ainda mais a graça de Deus que não obstante a
Sua presciência relativamente a quem se salva e a quem se perde, continua a
oferecer a salvação a todos sem excepção e mais que isso permitiu que o Seu
Filho amado morresse por todos inclusive pelos que Deus sabia que se iam
perder. Talvez isto nos ajude a compreender um pouco melhor a dureza do castigo
eterno sobre os que rejeitarem o Senhor e a Sua salvação.
A
presciência de Deus, de que nos fala Pedro, relativamente à eleição consiste no
facto de que Deus na eternidade passada ter previsto o pecado na Sua criação
celestial e terrena e ter idealizado um “propósito ... segundo a eleição” por
meio do qual reconciliaria toda a criação consigo mesmo: “De tornar a congregar
em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que
estão nos céus como as que estão na terra;” (Ef. 1:10). De facto o pecado não
apanhou Deus desprevenido, antes com um plano para lhe dar resposta e isto
graças ao atributo da Sua presciência.
6- A Eleição
e a Soberania de Deus
Se
por um lado a eleição, conforme dissemos anteriormente, é um hino à graça
infinita de Deus, por outro não o é menos em relação à Sua soberania. Todo o
propósito da eleição está revestido da soberania de Deus, ou seja no acto de
Deus concretizar os Seus planos sem os fazer depender da boa ou má conduta de
anjos ou homens. Deus ao eleger dois povos fê-lo segundo “o beneplácito da Sua
vontade”, dotando-os de um conjunto de propriedades independentemente do que
seja a prática destes. Por exemplo no caso da Igreja Deus propôs em Si mesmo
dotá-la com uma herança celestial valiosíssima tornando-nos “co-herdeiros com
Cristo”. Fizemos alguma coisa para o merecer? Ou deixaremos de o ser por algum
motivo? Não, foi Deus quem o determinou soberanamente sem que isto tenha a ver
com “a vontade do varão”. Por isso lemos
naquele belo cântico de Ro. 8 “Quem intentará acusação contra os escolhidos de
Deus? É Deus quem os justifica.” (vers. 33).
Mas
perguntará alguém: não é Deus soberano para escolher uns para a salvação em
detrimento de outros? A nossa resposta é NÃO. Deus é soberano mas também é
coerente e a coerência de Deus é o limite da Sua soberania. Podemos mesmo dizer
que Deus nunca passa por cima de Si mesmo. O Seu ardente desejo em salvar almas
impede-o de rejeitar à partida seja quem for. Corroboramos esta verdade com um
exemplo: Deus não é soberano para deixar de cumprir com as Suas promessas
quando nós lhe somos infiéis (o que até seria justo)? A palavra de Deus dá-nos
a resposta: “Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si
mesmo.” (2Ti 2:13). Nem a soberania Divina o pode fazer “negar-se a Si mesmo”.
Escolher uns para serem salvos em detrimento de outros seria “negar-se a Si
mesmo”, ou negar o Seu próprio desejo declarado em salvar almas.
Não queremos deixar de fazer um breve
comentário ao capítulo 9 da epístola aos Romanos. De facto uma leitura menos
cuidada daquele texto pode-nos deixar a ideia de que o nosso amado Senhor usa a
Sua soberania de uma forma tirana. ‘ Compadecesse de quem quer, endurece a quem
quer, sem que a coisa formada possa dizer ao que a formou: porque me fizeste
assim ’. Mas a verdade é que o estudo
atento do texto leva-nos exactamente à conclusão que acima salientamos. De
facto Deus nunca deveu nada ao homem para que este O questione – o homem só tem
que se queixar de si mesmo. Mas Deus é misericordioso mesmo para com os
rebeldes pelo que lemos: “Porque Deus encerrou a todos debaixo da
desobediência, para com todos usar de misericórdia”. Mesmo em relação aos
“vasos da ira” lemos: “E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar
a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira,
preparados para a perdição;”. Preparados por quem? Por Deus? Não, por eles
próprios. Deus nunca contou com a perdição do homem pelo que os que se perdem
não terão um destino especifico para eles mas o “fogo eterno, preparado para o
diabo e seus anjos;” (Mt 25:41). É verdade porém que Deus já endureceu os
corações de muitos. mas nunca condenou nem endureceu santos nem pessoas que o
desejavam conhecer como seu salvador, apenas homens ímpios cujos corações já à
muito tinha dito não a Deus. Atentemos para os dois exemplos citados naquele
capítulo: Esaú, de quem falaremos mais adiante, e Faraó. Homens perversos que
tinham rejeitado o valor das coisas eterna a favor das temporais. Que dizer então
se depois de estes e muitos outros homens terem rejeitado totalmente o Senhor,
Ele os endurecer e usar para melhor se revelar e concretizar os Seus planos?
Por isso podemos compreender melhor o versículo que diz: “Mas, ó homem, quem és
tu, que a Deus replicas?”
7- Um Outro
Tipo de Eleição
É
frequente ainda confundir-se o assunto que estamos a tratar com determinados
casos que encontramos nas escrituras acerca de escolhas pontuais, mas
soberanas, de Deus. No entanto isto é um assunto completamente distinto do que
tratamos até aqui. De facto o Senhor tem um propósito para cada crente e para
cada igreja local podendo por isso levantar homens salvos pela Sua graça para
executar determinada tarefa. Podemos encontrar alguns exemplos nas escrituras:
a escolha de Judá: “Antes elegeu a tribo de Judá; o monte Sião, que ele amava.”
(Sl 78:68); a escolha de David: “Também elegeu a David seu servo, e o tirou dos
apriscos das ovelhas;” (Sl 78:70); a escolha de Pedro: “E, havendo grande
contenda, levantou-se Pedro e disse-lhes: Homens irmãos, bem sabeis que já há
muito tempo Deus me elegeu dentre nós, para que os gentios ouvissem da minha
boca a palavra do evangelho, e cressem.” (Ac 15:7). Ora isto nada tem haver com
o propósito eterno da eleição, são escolhas ou chamadas pontuais sem que isso
implique demérito ou perda para os não chamados, é apenas a ordem de Deus que
Ele estabelece, note-se, soberanamente.
O
mesmo se passa com aquele texto das escrituras, tantas vezes incompreendido, de
Ro. 9:11:
“Porque,
não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito
de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por
aquele que chama), Foi-lhe dito a ela: O
maior servirá o menor. Como está
escrito: Amei a Jacó, e aborreci a Esaú. Que diremos pois? que há injustiça da
parte de Deus? De maneira nenhuma.”
O
que este texto diz é que Deus na Sua soberania escolheu Jacó e não Esaú para
ser o patriarca das doze tribos de Israel. Esaú não estava condenado por causa
desta decisão de Deus, o que o condenou foi a vida profana que ele sempre
viveu. Pela sua vida compreendemos o porquê desta decisão de Deus: Esaú como
patriarca fazia perigar os planos de Deus relativos, aqui sim, à eleição de
Israel:
“(para
que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras,
mas por aquele que chama)”. Note-se que tanto na chamada de Jacó, David, Pedro
e da tribo de Judá o que sempre determinou a escolha foi sempre a vontade
soberana de Deus de acordo com o que o Senhor entendeu ser o melhor para levar
até ao fim os Seus planos. E nisto não há injustiça porque se os que não são
chamados souberem com humildade se sujeitar à vontade de Deus por certo que
também poderão ser usados para a gloria de Deus noutras áreas. É o que acontece
num igreja local que está ordenada segundo Deus: quando o Senhor chama, ou
elege, um crente para ancião por exemplo, os não chamados não deixarão de ser
abençoados por causa disso, a menos que como Esaú se ensoberbeçam e se tornem
profanos. Aí sim “Amei a Jacó,- o escolhido - e aborreci a Esaú – o soberbo”
Conclusão:
Pensamos
ser claro na palavra de Deus que a eleição é corporativa (povos) e não
individual, deixando sempre a possibilidade de todos os homens pertencerem ao
povo eleito. A salvação das almas em nada é afectada pela eleição nem
vice-versa.
O
importante agora é conhecermos a vocação de nossa eleição como povo que é a
Igreja Corpo de Cristo de modo a vivermos de acordo com a “vocação – celestial
- com que fomos chamados” Ef. 4:1
Que
o Senhor nos dê graça para analisarmos estas coisas pela palavra de Deus de
modo a compreendermos melhor o Seu “propósito eterno” para o louvarmos e por Ele vivermos para a Sua gloria.
Fonte: Blogagens & Blogueiros
Fonte: Blogagens & Blogueiros
Marcadores: eleição, predestinação, soteriologia
