AS PERSEGUIÇÕES PROTESTANTES AOS BATISTAS
AS
PERSEGUIÇÕES PROTESTANTES
Ainda
que os reformadores protestantes dos séculos 16 ao 18 exigissem liberdade
religiosa da Igreja Católica Romana, em muitos casos, eles não concederam
liberdade a outros. Um fato raramente dito na história da Igreja, e, portanto,
pouco conhecido, é que os Protestantes da época da Reforma perseguiram Batistas
e outros que divergiam deles.
ZUÍNGLIO, EM
ZURIQUE, SUÍÇA, FOI UM PERSEGUIDOR
1.
Antes de adotarem princípios Batistas, os líderes Anabatistas Conrad Grebel
(1498-1526), Felix Manz, e George Cajacob estavam com Zuínglio no começo de sua
obra em Zurique. Diferentemente de Zuínglio, eles mudaram para além do
Protestantismo e da igreja estatal, para uma verdadeira fé e prática do Novo
Testamento.
2.
No fim do ano de 1524, Grebel e Manz tomaram uma posição contra o batismo
infantil e desejaram estabelecer uma igreja verdadeira composta somente de
membros regenerados e batizados tendo somente a Ceia do Senhor como memorial.
3.
Em 17 de janeiro de 1525, uma disputa entre Zuínglio e os que se opunham ao
batismo infantil ocorreu em Zurique diante do conselho da cidade. A decisão não
demorou a sair. No dia seguinte, o conselho decretou que todos os bebês com
oito dias de vida deveriam ser batizados, e aqueles que não o fizessem seriam
banidos da cidade. Outro decreto de 21 de janeiro proibiu todos os oponentes do
batismo infantil de se reunirem ou de pregar em público.
4.
No primeiro dia da proclamação feita pelo conselho da cidade, Grebel, Manz,
Cajacob e outros que tinham o mesmo pensamento se reuniram, desafiando o
decreto, mas em obediência a Palavra de Deus e determinados a formar uma igreja
baseada em princípios bíblicos, como eles a viam nesse ponto. Cajacob foi
primeiro batizado por Grebel confessando sua fé em Cristo; Cajacob, na sua vez,
batizou os outros. O batismo foi por aspersão, porém, mais tarde, eles adotaram
a imersão. Em uma semana, mais trinta e cinco pessoas foram batizadas.
5.
Em março daquele ano, a influência de Zuínglio sobre o conselho da cidade fez
com o que o mesmo emitisse um forte edito contra os Anabatistas, que foi
ratificado em novembro:
"Vocês
sabem, sem dúvida, e temos ouvido de muitos, que por um longo tempo, alguns
homens que se consideram letrados, tem promovido espantosamente, e sem qualquer
evidência da Sagrada Escritura, dando como pretexto de serem simples e piedosos
homens, a pregação, e sem a permissão e consenso da igreja, do ensino de que o
batismo infantil não procede de Deus, mas do diabo, e, portanto, não deve ser
praticado.... Nós, portanto, ordenamos e exigimos que a partir de agora, todo
homem, mulher, rapazes e moças abandonem o rebatismo, e o desconsiderem daqui
por diante, e façam com que seus bebês sejam batizados; quem quer que agir de
modo contrário a este edito público deve ser penalizado por toda a ofensa
causada, conforme indicado, e SE ALGUÉM FOR DESOBEDIENTE E OBSTINADO DEVERÁ SER
TRATADO COM SEVERIDADE; pois quem obedecer será protegido, o desobediente será
punido de acordo com sua falta, sem falha; por este todos devem portar-se.
Confirmamos tudo isso por meio deste documento público, marcado com o selo de
nossa cidade, e dado no dia de Santo André, ano do Senhor de 1525".
6.
Os Anabatistas e seus líderes, incluindo Grebel e Manz, foram presos.
7.
Em dezembro de 1527, Felix Manz, Jacob Falk, e Henry Reiman foram condenados a
morte por afogamento. O conselho decretou: "Qui mersus fuerit
mergatur", ou "os que submergem, que sejam submergidos". O líder
protestante Gastins escreveu: "Se eles são a favor da submersão, então que
sejam submergidos". (De Anabaptiami, 8. Basite, 1544, citado por
Christian). Os Batistas foram entregues ao executor, que amarrou as suas mãos,
os colocou em um barco e os lançou na água. Alguns Protestantes,
debochadamente, chamaram isto de "terceiro batismo".
O
mártir Batista Felix Manz (ou Mans, ou Mentz) (1498-1527) foi um homem muito
instruído, hábil em latim, grego e hebraico. Enquanto era levado pela cidade de
Zurique até o barco, ele louvava a Deus por estar indo morrer por causa da
verdade da Palavra de Deus. Sua velha mãe e o seu fiel irmão o exortavam a ser
forte até a morte. Depois de declarar "em tuas mãos, Senhor, eu entrego
meu espírito", ele foi cruelmente afogado. O líder protestante Henry
Bullinger, em Genebra, registrou a execução de Manz e a apoiou (Reformations
Geschichte, II. 382, citado por Christian).
8.
Outro Batista que foi atormentado por aqueles influenciados por Zuínglio foi
BALTHASAR HUBMAIER.
Ele
era um homem de grande conhecimento e tinha sido amigo próximo de Zuínglio no
começo, e eles tinham lutado juntos contra o catolicismo. Mas Hubmaier desejou
seguir a Bíblia em todas as questões e rejeitou o batismo infantil e se tornou
um Batista.
Ele
escreveu livros influentes em defesa de sua fé e um deles foi sobre o batismo
de crentes. "A ordem é para batizar aqueles que creem. Batizar aqueles que
não creem, portanto, é proibido". Ele estava certo.
Ele
escreveu também contra a perseguição, intitulado "Concerning Heretics and
Those That Burn Them". Seu pensamento era de que não era a vontade de
Jesus Cristo condenar homens a morte por suas crenças, que o objetivo das
igrejas é de salvar homens, não queimá-los.
Ele
foi preso pelos Protestantes de Zurique em janeiro de 1526 e permaneceu lá por
quatro meses. Seu apelo ao antigo amigo Zuínglio foi ignorado. Sua esposa
também foi presa e sua saúde ficou abalada. Ele tinha acabado de se recuperar
de uma doença que quase o levou a morte. Nesta triste e desencorajada condição,
ele foi torturado na roda pelas autoridades Protestantes; e em seis de abril de
1526, este combalido homem concordou em abandonar suas crenças.
O
povo de Zurique se reuniu na catedral para ouvir a retratação deste bem
conhecido pregador Batista. Zuínglio primeiro pregou um sermão contra os
heréticos. Então todos os olhos se voltaram para Hubmaier, que foi a frente
para ler a sua retratação. Começando a falar com voz trêmula ele se desatou a
chorar. E como se agitava de um lado a outro em agonia, ele foi subitamente
fortalecido pelo Senhor. Gritando ele disse: "O BATISMO INFANTIL NÃO É DE
DEUS, E HOMENS DEVEM SER BATIZADOS PELA FÉ EM CRISTO!". Irrompeu o
pandemônio! Alguns gritavam contra ele enquanto que outros aplaudiam
efusivamente. As autoridades de Zurique rapidamente o levaram de volta a
prisão.
Lá
ele escreveu essas abençoadas palavras de louvor a Deus: "Ó, Deus imortal,
esta é minha fé. Eu a confessei com meu coração e minha boca, e a testifiquei
publicamente diante da Igreja no batismo. Eu fielmente oro a ti para que
graciosamente me mantenha nela até o meu fim, e que por essa fé eu possa
afastar todo o temor mortal e timidez, diante da tirania, tortura, espada, fogo
ou água, eu agora apelo a ti. Ó meu misericordioso Pai, me levante novamente
pela graça do teu Santo Espírito, e não permita que eu me aparte sem esta fé.
Assim, eu oro a ti do fundo do meu coração, por Jesus Cristo, teu mais amado
Filho, nosso Senhor e Salvador. Pai, em ti eu ponho minha confiança, que eu
nunca seja confundido".
Esta
oração foi respondida, pois Hubmaier foi para o Senhor e foi fiel até a morte.
Depois daqueles acontecimentos, foi permitido que ele deixasse Zurique, indo
então para a Morávia, onde ele teve um ministério frutífero e uma colheita de
almas foi trazida ao Senhor.
No
dia 10 de março de 1528, em Viena, ele foi queimado na estaca, e morreu na fé
que pregou. Sua fiel esposa cristã foi afogada oito dias depois.
9.
Por esse tempo, Zuínglio escreveu um odioso livro contra os Anabatistas chamado
Elenchus contria Catbaptistas, ou Refutation of the Tricks of the Catabaptists
or Drowners. Ele chamou os Anabatistas de "asnos selvagens" e outros
insultos e disse que suas imersões eram do diabo e que os Anabatistas iriam
todos para o inferno.
10.
Nessa época, a perseguição foi instigada contra os Batistas em Saint Gall,
Suíça.
Pregadores
Batistas como Konrad Grebel e Eberle Polt pregaram com grande sucesso em Saint
Gall e milhares por todo o país confessaram a Cristo e foram batizados.
Na
instigação de Zuínglio, o conselho da cidade de Saint Gall determinou os matar
por afogamento se eles recusassem a sair do território. Em 9 de setembro de
1527, eles emitiram o seguinte decreto:
"Para
que a perigosa, ímpia, turbulenta e sediciosa seita dos Batistas possa ser
erradicada, assim decretamos: Se alguém é suspeito de rebatismo, o tal deve ser
alertado pelo magistrado a sair do território sob a pena designada [ser
afogado]. Toda pessoa está obrigada a informar os que são favoráveis ao
rebatismo. Qualquer pessoa que não cumprir esta ordem está sujeita a punição de
acordo com a sentença da magistratura. Os que ensinam rebatismo, os que pregam
sobre o batismo, e líderes de reuniões privadas DEVEM SER AFOGADOS. Os que
anteriormente foram soltos da prisão que juraram desistir de tais coisas, devem
ser sujeitos a mesma penalidade. Batistas estrangeiros devem ser expulsos, se
voltarem DEVEM SER AFOGADOS. Não é permitido a ninguém abandonar a igreja
[Zuingliana] e se abster da Santa Ceia. Quem quer que fugir de uma jurisdição
para outra deve ser banido ou extraditado por direito".
O
decreto de 26 de março de 1530 foi ainda mais severo: "Todos os que são
aderentes ou a favor da falsa seita dos Batistas, e que frequentam reuniões
privadas, devem sofrer as mais severas punições. LÍDERES BATISTAS, SEUS
SEGUIDORES, E PROTETORES DEVEM SER AFOGADOS SEM MISERICÓRDIA. Aqueles,
entretanto, que os assistem, ou falham em informar ou em prendê-los devem ser
punidos de outro modo nos seus corpos e nos seus bens como injuriosos ou
súditos infiéis".
11.
Esta inquisição Protestante foi muito similar a católica. Os Protestantes
exigiam que todo cidadão se submetesse a sua doutrina e prática sob pena de
morte. Eles exigiam que todo cidadão se tornasse um espião para informar da
presença de dissidentes. Não somente eram os dissidentes perseguidos, assim era
também com aqueles que os ajudavam de alguma forma, incluindo aqueles que falhavam
em informar as autoridades.
12.
Zuínglio era um hipócrita na questão da perseguição. Ele falava contra os
católicos quando eles perseguiam Protestantes, mas apoiava a perseguição de
Batistas. Em suas 67 teses contra Roma, Zuínglio disse: "Nenhuma coação
deve ser empregada no caso de não reconhecerem seus erros, a menos que pela sua
sediciosa conduta eles perturbem a paz de outros". Porém, ele ignorava sua
própria regra e obrigava os outros a crer como ele. Os Batistas não eram
sediciosos. Eles não tentavam derrubar o governo. Eles meramente desejavam
praticar sua própria fé em paz.
13.
As perseguições Protestantes na Suíça continuaram no século 17. "No
concílio de Genebra, em 1632, Nicholas Anthoine foi condenado a ser primeiro
enforcado e depois queimado por sua oposição a Trindade; e na Basiléia e em
Zurique, desde a Reforma, a heresia era um crime punido com a morte, como a
condenação de David George e Felix abundantemente provam" (J.J. Stockdale,
The History of the Inquisitions, 1810, p. xxviii).
14.
Até o final de 1671, 700 pessoas, sem teto e sem recursos, foram expulsas de
Berna. Foi grande o sofrimento de idosos e jovens (Richard Cook, The Story of
the Baptists, 1888, p. 65).
LUTERANOS NA
ALEMANHA FORAM PERSEGUIDORES
1.
Examinando agora a posição de Martinho Lutero sobre a perseguição.
É
importante entender que Lutero mudou sua posição em muitos pontos importantes.
Nos primeiros dias de sua reforma, por exemplo, Lutero ensinava que o modo
adequado de batismo era a imersão.
Ele,
porém, mudou em consideração a isso. Em seu Novo Testamento alemão, ele
traduziu batismo como "mergulho", que é uma boa tradução em que o
termo significa colocar dentro da água e tirar da água. O termo
"imersão", por outro lado, não tem a conotação de tirar fora da água.
Em
1518 ele ensinou não somente que a palavra "baptizo" quer dizer
imergir, mas que o sentido da ordenança aponta para a imersão. "Esse é o
sentido que o batismo exige, pois significa que o velho homem e o nascimento em
pecado da carne e sangue devem ser completamente mergulhados pela graça de
Deus. Portanto, um homem deve suficientemente cumprir o seu sentido e um gesto
correto e perfeito. O gesto se apóia nisto, que um homem mergulhe uma pessoa na
água no nome do Pai, etc, mas não o deixando lá, mas o levantando novamente;
assim, isto é chamado retirar da fonte ou das águas. E assim todos devem fazer
ambos; o mergulhar e o levantar. Terceiro, o sentido é uma morte salvífica dos
pecados e da ressurreição da graça de Deus. O batismo é uma lavagem do novo
nascimento. Também é um mergulho dos pecados no batismo" (Luther, Opera
Lutheri, I. 319. Folio edition).
Lutero
parece um Batista aqui, mas ao mesmo tempo, ele defendia a prática não bíblica
do batismo infantil; e logo ele abandonou o debate sobre o batismo e se tornou
um inimigo dos Anabatistas.
Lutero
também mudou em consideração a perseguição e ao derramamento de sangue. No
começo de sua carreira reformista, ele não apoiava a sentença de morte contra
falsos mestres, ainda que ele apoiasse sua breve perseguição de morte e seu
banimento.
"Ainda
que fosse naturalmente um homem de temperamento zangado e violento, ele era
avesso a punição de heréticos com a morte. Ele diz em seus escritos: "eu
sou totalmente avesso ao derramamento de sangue, mesmo no caso de uma pessoa a
merecer; eu tenho o maior temor, porque, como os papistas e judeus, sob esta
pretensão, destruíram santos profetas e homens inocentes, assim eu temo que o
mesmo possa acontecer entre nós mesmos, se, em uma única circunstância, fosse
permitido legalizar a condenação de enganadores a morte. Eu, portanto, de
nenhum modo consinto que falsos mestres devam ser mortos". Mas, para todas
as outras punições, ele parece pensar que podem legalmente, ser empregadas,
pois segundo a passagem acima, ele acrescenta, é suficiente que eles sejam
banidos. Conforme esses princípios, ele persuadiu os príncipes da Saxônia a não
tolerar em seus domínios os seguidores de Zuínglio, por sua opinião sobre o
sacramento, para não entrar em quaisquer termos de união com eles, para sua
defesa comum contra as tentativas dos católicos de os destruir. ... Ele também
escreveu a Alberto, Duque da Prússia, para o convencer a bani-los de seus
territórios (J.J. Stockdale, The History of the Inquisitions, 1810, pp. xxvii,
xxviii).
Lutero
mudou dramaticamente mais tarde. Ele apoiou a completa destruição dos
camponeses revoltosos. "Mas quando os camponeses da Alemanha tentaram
aplicar esta 'liberdade' a si mesmos ao derrubar a tirania dos lordes e ganhar
sua independência, Lutero se enfureceu contra eles: 'os camponeses não ouvirão;
eles não deixarão ninguém lhes dizer nada; seus ouvidos devem ser arrancados
com balas, até que suas cabeças saltem fora de seus ombros. ... Dos obstinados,
endurecidos, cegos camponeses, que não se tenha misericórdia, mas todo que for
capaz, os corte, esfaqueie, mate, abata como se fossem cães loucos, ... assim a
paz e segurança podem ser mantidas, ... etc"' [Martin Luther, Werke,
Erlangen edition, vol. 24, p. 294; vol.15, p. 276; passim.]. Os escritos de
Lutero sobre a guerra aos camponeses são cheios de expressões como as acima.
Quando anos mais tarde ele foi reprovado por essa linguagem violenta, e por
incitar os lordes nos territórios a os massacrar sem misericórdia (eles
assassinaram por volta de 100.000 camponeses), ele respondeu desafiadoramente:
'fui eu, Martinho Lutero, quem matou todos os camponeses na insurreição, pois
eu mandei que eles fossem mortos. Todo esse sangue está sobre meus ombros. Mas
eu o lanço ao nosso Senhor Deus que me ordenou falar deste modo' [Martin
Luther, Werke, Erlangen edition, vol. 59, p. 284] (William McGrath,
Anabaptists: Neither Catholic nor Protestant).
Lutero
também se voltou contra os Anabatistas que outrora simpatizava. "Lamentavelmente
ainda, Lutero reagiu com igual violência contra os Anabatistas que tentaram
aplicar o princípio de 'liberdade' a si mesmos. Ainda que ele soubesse que
existiam tanto Anabatistas não resistentes e inofensivos, bem como facções de
revolucionários sociais, ele condenou todos juntos – favorecendo uma política
de extermínio" (William McGrath, Anabaptists: Neither Catholic nor
Protestant).
2.
Em 1529, a imposição da DIETA DE SPEYER lançou a sentença de morte sobre todos
os Anabatistas. Este concílio foi composto tanto de católicos quanto de
príncipes protestantes e chefes de estado. Eles se odiavam e não conseguiram
ter êxito mesmo nessa Dieta, mas eles odiavam os Anabatistas ainda mais!
3.
A proclamação da Dieta acelerou grandemente o programa de extermínio já em
curso.
"Quatrocentos
homens foram empregados para caçar Anabatistas e os executar de imediato. O
grupo mostrou ser pequeno demais e foi aumentado para mil... milhares de
Anabatistas foram vitimas cruéis de uma das maiores perseguições da história do
cristianismo. ...Queimar em feixes e em estacas marcou sua jornada pela
Europa" (Halley).
4.
Em 1538, o príncipe de Hesse, na Alemanha, escreveu ao rei Henrique VIII da
Inglaterra e o incitou a perseguir os Anabatistas. Ele declarou: "Não
existem governantes na Alemanha, quer sejam papistas ou que professem as
doutrinas do Evangelho [Protestantes], que aflijam esses homens se eles caem em
suas mãos. Todos os punem rapidamente. Usamos de uma moderação justa, o qual
Deus exigiu de todos os bons governantes. Se alguém teimosamente defende os
erros blasfemos e ímpios dessa seita, não produzindo nada com que faça que o
ensino deles seja verdadeiro, esses tais são mantidos por um bom espaço de
tempo na prisão, e às vezes severamente punidos lá; ainda que de tal forma eles
sejam tratados, a morte é adiada, na esperança de sua retratação, e desde que
haja alguma esperança, é mostrado a possibilidade de perdão. Se o obstinado
demonstra que não irá abdicar, então ele é condenado a morte" (Evans, The
Early English Baptists, capítulo 2). Esta era a "moderação"
Protestante!
5.
"Seckendorf também nos diz que os magistrados luteranos de Wittenburg condenaram
a morte um certo Pestelius, por ser um zuingliano, ainda que isto fosse
desaprovado pelo príncipe da Saxônia. Vários Anabatistas foram também mortos
pelos luteranos, por sua insistência em propagar seus erros" (J.J.
Stockdale, The History of the Inquisitions, 1810, p. xxviii).
6.
URBANUS RHEGIUS foi um líder Luterano em Augsburgo que perseguiu Batistas.
Ele
publicou um livro contra os Batistas em 1528. A ilustração da página título
demonstra o ódio dos Luteranos contra esta seita. Ela mostra um rio correndo
rumo a um grande oceano, como uma expansão das águas. Os Batistas são mostrados
entrando na água e então sendo levados para fora do mar para um flamejante
fogo.
Assim,
as águas de batismo de crentes são descritas como o caminho para o inferno.
Esta era a típica posição Protestante nessa época.
Rhegius
foi o principal instigador das perseguições na cidade protestante de Augsburgo.
O historiador Philip Schaff, ele próprio um Luterano, e certamente não
preconceituoso contra os Protestantes, disse: "Rhegius incitou os
magistrados contra eles" (Schaff, History of the Christian Church, VI.
578).
Hans
Koch e Leonard Meyster foram mortos em 1524.
Rhegius
causou a expulsão da cidade do pastor Batista Hans Denk em 1527. Ele causou a prisão e banimento do pastor
Langenmantel em outubro daquele ano. Leonard Snyder foi morto em 1527.
Muitos
morreram na prisão, incluindo Hans Hut, cujo corpo foi queimado em praça
pública em Augsburgo. O pastor Batista Seebold foi morto em abril de 1528, e
mais doze foram depois mortos naquele ano. Muitos foram torturados e marcados
com ferro quente. Um teve sua língua cortada por falar contra o batismo
infantil.
7.
O reformador Luterano OSIANDER, em Nuremberg, Alemanha, perseguiu e ameaçou de
morte os Anabatistas em sua área.
Hans
Denk, que mais tarde pastorearia a maior igreja Batista em Estrasburgo, foi
escolhido reitor do colégio Luterano Saint Sebald em Nuremberg. Nessa época,
Denk começava a formar a sua posição Anabatista e logo ele entrou em conflito
com os Protestantes.
Em
Janeiro de 1525, Denk foi banido da cidade por Osiander e foi alertado que caso
se aproximasse 10 quilômetros dela seria morto.
Denk
se mudou para Augsburgo, foi batizado pelo pregador Anabatista Hubmaier, e se
tornou pastor de uma forte igreja Batista nessa cidade, com 1100 membros.
Consequentemente,
o já mencionado líder Luterano Urbanus Rhegius perseguiu Denk e o expulsou de
Augsburgo.
8.
Outro bem conhecido líder Luterano foi MARTIN BUCER (1491-1551). Ele foi
influente em Augsburgo e fez com que o conselho da cidade perseguisse os
Anabatistas.
Bucer
era constantemente frustrado pelo conselho da cidade, porque eles hesitavam em
perseguir os Anabatistas como ele intensamente desejava, chamando ele isso de
"o pecado do conselho".
No
caso de Pilgram Marbeck e outros, ele teve êxito.
Marbeck
era um notável engenheiro civil que teve que fugir por causa da perseguição na
região do Tirol, controlada pelos católicos.
Ele
chegou em Augsburgo em 1530 e pregou corajosamente não somente contra os erros
de Roma, mas também contra os erros dos reformadores Protestantes.
Quando
ele publicou dois livros defendendo suas visões em 1531, o conselho da cidade
proibiu sua distribuição e o intimou a dar explicações.
Bucer
estava lá e se opôs a ele, e em 18 de dezembro, o conselho da cidade baniu o
pregador Anabatista no meio do inverno. Bucer apoiou este cruel decreto.
Em
1529, o conselho da cidade em Augsburgo, influenciado pelos Protestantes,
prendeu os pregadores Jacob Kantz e Reublin em uma úmida cela na torre.
Kantz
chamou os reformadores de "carpinteiros sem habilidade, que destroem
violentamente tudo, mas são incapazes de montar alguma coisa em conjunto".
Este era um sentimento verdadeiro de um ponto de vista Batista, mas os
Protestantes não se importaram muito com isso
Quando
na prisão, os Batistas escreveram em defesa do batismo de crentes como uma
expressão simbólica da fé em Cristo. Eles disseram que "fé confessada é
como o vinho, e o batismo é o sinal exposto que mostra que o vinho está no
interior".
Em
1534, o conselho da cidade expulsou todos os Batistas com apenas oito dias de
alerta. No ano seguinte, o conselho protestante da cidade decretou que todos os
bebês deveriam ser batizados ou os pais seriam punidos, e ninguém deveria dar
qualquer proteção ou assistência aos Anabatistas.
Em
1538, não tendo conseguido se livrar de todos os odiados Anabatistas, o
conselho protestante de Augsburgo decretou que aqueles que retornassem para a
cidade a primeira vez deveriam ter um dedo arrancado, ser marcados com ferro
quente no rosto, ou serem postos em uma coleira de ferro.
Se
eles voltassem novamente, seriam afogados. Com um aspecto franco, a proclamação
acrescentava: "Fizemos isso não para que os homens creiam como nós. Isso
não é uma questão de fé, mas para prevenir a divisão na Igreja". Bem, a
divisão se fez estritamente em questões de fé!
JOÃO CALVINO
EM GENEBRA FOI UM PERSEGUIDOR
1.
Calvino forçou a doutrina e práticas cristãs na ponta da espada. Em outubro de
1563, o governo de Genebra queimou vivo Miguel Serveto por heresia. Serveto
defendia a visão unitariana e foi definitivamente um falso profeta, mas o Novo
Testamento em nenhum lugar instrui as igrejas a matar falsos profetas. A
sentença de morte de Serveto foi apoiada não somente por Calvino, mas também
por Melanchthon na Alemanha e Bullinger em Genebra e por outros líderes
Protestantes que foram consultados sobre o caso.
2.
Outro homem foi também condenado a morte a mando de Calvino. "Ele era tão
inteiramente a favor de medidas de perseguição, que escreveu um tratado em
defesa delas, mantendo a legalidade da condenação de heréticos a morte, e ele
levou essas rígidas teorias a prática, em sua conduta em relação a Castellio,
Jerom Bolsee, e Serveto, cujos destinos são tão bem conhecidos que nem precisam
ser aqui repetidos. No concílio de Genebra, em 1632, Nicholas Anthoine foi
condenado a ser primeiro enforcado e depois queimado por se opor à doutrina da
Trindade..." (J.J. Stockdale, The
History of the Inquisitions, 1810, p. xxviii).
3.
Nos dias do rei Eduardo VI da Inglaterra, Calvino escreveu uma carta ao lorde
protetor Somerset e o instigou a condenar os Anabatistas a morte: "Todos
esses merecem ser punidos pela espada, visto que conspiram contra Deus, que o
colocou em seu trono real" (John Christian, A History of the Baptists, Vol.
1, cap. 15).
4.
O historiador John Christian observa que Calvino "foi responsável em
grande parte pelo ódio demoníaco e feroz hostilidade que os Batistas da
Inglaterra encontraram".
PERSEGUIÇÃO
DOS CALVINISTAS NA HOLANDA CONTRA OS ARMINIANOS
"Se
passamos para a Holanda, veremos também lá que os reformadores foram, a maioria
deles, nos princípios e medidas da perseguição... a mais ultrajante disputa de
todas que já existiu entre calvinistas e arminianos...
O
momento em que os dois grupos tinham um dogma em disputa, a controvérsia se
tornou irreconciliável, e foi conduzida com a mais abusiva violência. Os
ministros da predestinação não entraram em acordo, os remonstrantes
[não-calvinistas] foram objetos de seu zelo furioso, de quem eles denominavam
mamelucos, demônios e pragas, incitando os magistrados a destruí-los, e quando
o tempo de novas eleições chegou, eles oravam a Deus para tais homens, como
fossem zelosos, para que fossem mortos, ainda que isso custasse todos os
negócios de suas cidades. Finalmente, um sínodo sendo reunido, agiram como de
costume, estabeleceram os seus princípios de fé com confiança em si mesmos,
condenaram a doutrina dos remonstrantes, privaram os seus antagonistas de todos
os seus ofícios; e finalizaram humildemente rogando a Deus e seu poder
superior, para colocar seus decretos em execução, e ratificar a doutrina que
eles expressavam. Os Países Baixos se engajaram nesta caridosa e cristã
exigência, pois tão logo o sínodo foi concluído, Barnwelt, um amigo dos
remonstrantes e de suas opiniões, foi decapitado, e Grotius condenado a prisão
perpétua; e por causa que nem todos os ministros dissidentes obedeceram, para
se abster em definitivo do exercício de suas funções religiosas, os Países
Baixos passaram uma resolução de os banir, sob pena, se eles não se
submetessem, de serem tratados como perturbadores da ordem pública" (J.J.
Stockdale, The History of the Inquisitions, 1810, pp. xxviii, xxix).
A IGREJA DA
INGLATERRA FOI UMA PERSEGUIDORA
A
Igreja Anglicana foi formada 1534 pelo rei Henrique VIII, e desde então até o
final do século 17, Batistas e outros que recusaram a se submeter a igreja
estatal foram perseguidos.
PERSEGUIÇÃO
DE BATISTAS NOS DIAS DO REI HENRIQUE VIII DEPOIS DE SEU ROMPIMENTO COM ROMA
1.
Henrique VIII subiu ao trono em 1509, e três vezes durante seu reinado ele
denunciou Anabatistas através de proclamações oficiais. Esta é, a propósito,
uma prova conclusiva que existiram Batistas na Inglaterra neste tempo.
2.
Em 1534, Henrique VIII rompeu com Roma e formou a Igreja da Inglaterra.
3.
Em 1535, 28 holandeses foram presos e 14 queimados, e pelo menos um deles era
mulher. O historiador Stowe diz que eles negaram que Cristo tinha nascido tanto
Deus quanto homem, mas não é possível determinar nesta época o que eles
exatamente acreditavam além do que os seus inimigos os acusavam. Latimer, que
foi capelão durante o reinado de Henrique e que mais tarde foi ele próprio
queimado pela rainha Maria, descreveu a morte desses holandeses e disse que eles
foram para a estaca "sem qualquer medo, confiantemente".
4.
De acordo com Foxe, citando os registros de Londres, 19 outros Anabatistas
foram mortos em várias partes do reino em 1535.
5.
Em outubro de 1538, o rei designou Thomas Cranmer, como novo Arcebispo de
Canterbury (após a morte de William Warham), para chefiar uma comissão
encarregada de promover ações contra os Batistas onde quer que eles fossem
encontrados. Ele ordenou que os livros dos Batistas fossem confiscados e
queimados. "Até mesmo nossos reformadores que viram as chamas que os
católicos acenderam contra seus irmãos, também fizeram fogueiras para consumir
aqueles que divergiam deles. As mãos de Cranmer ficaram marcadas com o sangue
de muitos. John Lambert e Anne Askew nunca deram testemunho de seu zelo
destruidor" (J.J. Stockdale, The History of the Inquisitions, 1810, p.
xxix).
6.
Em 1539, mais dois Anabatistas foram queimados.
7.
Anne Askew foi presa, torturada, e finalmente queimada em julho de 1546. Ela
foi morta pelas mãos da Igreja da Inglaterra depois de sua separação de Roma.
Depois
que essa mulher de 24 anos foi condenada a morte e aprisionada na Torre de
Londres a espera da execução, seus perseguidores tentaram fazer com que ela
informasse sobre outros crentes. Eles também esperavam ter informações contra a
rainha Maria, a esposa de Henrique VIII. Quando Anne recusou a dar qualquer
informação eles colocaram esta frágil senhora na roda e ordenaram a Sir Anthony
Knyvet, chefe da Torre, a instruir seu carcereiro a torturá-la. Ele assim o
fez, mas não muito severamente, sendo complacente por causa de sua natureza
feminina. Não estando satisfeito com a tortura aplicada por Knyvet, Thomas
Wriothesley, Chanceler da Inglaterra, senhor de muitas terras na ilha, e
advogado geral da Coroa Inglesa, raivosamente tomou o controle da roda com suas
próprias mãos e torturou a piedosa mulher com uma ferocidade desumana. Assim
com a intenção de conseguir o nome de qualquer senhora de posição que
acreditasse na graça de Jesus Cristo, eles a torturaram cruelmente, tirando
seus ossos e juntas do lugar, tanto que ela ficou incapaz de caminhar depois
disso e teve que ser carregada para a execução em uma cadeira. Durante todo o
tempo ela não reclamou e suportou seus terríveis tormentos com a graça da
paciência dada pelo Senhor, se recusando a entregar qualquer de seus amigos aos
torturadores. Por fim, ela ficou inconsciente diante das dores, e Sir Knyvet a
tomou em seus braços e a deitou no chão. Quando ela retomou a consciência e
enquanto ainda estava deitada no chão de pedra, Wriothesley permaneceu junto
dela por mais de duas horas tentando convencê-la a reconsiderar as suas
posições religiosas.
Em
seu testemunho escrito, essa corajosa mulher cristã deu um glorioso testemunho
de sua fé em Jesus Cristo e em Seu sangue e graça somente, para a salvação, e
ela declarou que sua única autoridade era a Bíblia. Ainda que seu pai, marido,
e filho a tenham abandonado por causa de sua fé, e ainda que tenha sido odiada
pelas autoridades de seu próprio país, podemos estar certos de que esta humilde
senhora cristã não foi abandonada pelo seu Pai Celestial. "Porque, quando
meu pai e minha mãe me desampararem, o SENHOR me recolherá". (Salmos
27:10).
Anne
e três outros dissidentes contrários a Igreja da Inglaterra foram trazidos para
a praça de execução em 16 de julho de 1546. Quando foram presos na estaca, foi
lhes oferecido um perdão caso assinassem um documento de retratação. Eles se
recusaram até mesmo de ver o documento que continha o perdão e declararam que não
tinham vindo naquele lugar para negar ao seu Senhor. Nisso, o fogo foi aceso e
Anne e seus amigos em Cristo foram queimados vivos pelas autoridades
eclesiásticas.
14.
Outros Batistas sofreram durante o reinado de Henrique VIII, o pai da Igreja da
Inglaterra.
BATISTAS
PERSEGUIDOS NOS DIAS DO REI EDUARDO VI
Após
a morte de Henrique, em 1574, seu jovem filho, Eduardo VI, reinou por seis
anos.
1.
Eduardo interrompeu a perseguição contra os Protestantes e até mesmo
concedeu-lhes perdão; mas a perseguição aos Batistas continuou. Pelo menos dois
Batistas foram queimados durante o reinado de Eduardo.
2.
Mesmo assim, o número de Batistas aumentava rapidamente. O bispo John Hooper
escreveu em 1549 reclamando do "rebanho Anabatista" em Londres que
"causam muitos problemas". É óbvio por outras declarações das
autoridades eclesiásticas que nessa época existia uma igreja Batista organizada
que mantinha as ordenanças. Já vimos Batistas em Londres durante o reinado de
Henrique VIII. Houve também igrejas Batistas no distrito de Kent na primeira
metade dos anos 1500. Em junho de 1550 o bispo Hooper escreveu, "esse
distrito está convulsionado com a agitação dos Anabatistas mais do que qualquer
outro do reino" (Ellis, Original Letters, I. 87).
3.
Humphrey Middleton foi um dos Batistas presos por anos no reinado de Eduardo
VI. Esta tática brutal foi apoiada pelo reformador Thomas Cranmer. Quando
Cranmer pronunciou sua cruel sentença [contra Middleton], o intrépido Batista
respondeu: "Senhor reverendo, passe a sentença que achar melhor para nós.
Mas, que você não pode dizer que não foi avisado, eu testifico que você pode
ser o próximo". Isso aconteceu poucos anos depois, quando o Protestante
Cranmer, que apoiou a prisão e morte de Batistas, foi ele próprio queimado pela
rainha católica Maria (Evans, Early English Baptists, volume 1; Foxe,
Martyrs).
4.
Em maio de 1549, Joan Boucher foi presa. Ela era uma Anabatista de Kent,
provavelmente membro de uma pequena congregação na cidade de Eythorne. Ela era
uma senhora de posses e tinha frequentado a corte durante os dias de Henrique
VIII e Eduardo VI. Ela era também amiga íntima da piedosa Anne Askew que foi
queimada durante o reinado de Henrique VIII, e como Anne, amava o Novo
Testamento de Tyndale e distribuía cópias dele arriscando a sua vida por causa
disso. Ela levava cópias deste livro proibido debaixo de suas roupas em suas
visitas a corte e em todos os lugares. Ela também visitava prisioneiros e usava
de sua riqueza para aliviar o sofrimento daqueles que estavam sofrendo por
causa de sua fé.
Quando
de sua prisão, Joan foi acusada de "acreditar que Cristo não encarnou da
Virgem Maria", mas esta acusação não era verdadeira. Ela tinha uma
excêntrica e errônea crença que Maria tinha duas sementes, uma natural e uma
espiritual, e que Cristo era a semente espiritual. Lendo os relatos do
processo, é difícil saber exatamente o que ela tencionava crer, mas isto é bem
claro: ela plenamente afirmava que Maria era uma virgem quando Jesus nasceu e
que ela aceitava Cristo tanto como homem quanto Deus e como Filho de Deus
nascido da virgem. Assim, se ela acreditava em alguma coisa estranha sobre a
semente de Maria, não foi certamente heresia maior do que o batismo infantil e
regeneração batismal e a vida sem pecado de Maria, todas essas defendidas por
aqueles que condenaram Joan.
A
Igreja da Inglaterra queimou Joan de Kent em 2 de maio de 1550.
5.
O outro Batista que sofreu martírio no reinado de Eduardo VI foi George van
Pare (ou Parris), um cirurgião da Alemanha. É uma triste mancha sobre um bom
nome de um tradutor da Bíblia, Miles Coverdale, que foi juiz no processo contra
Pare. Pare foi queimado em abril de 1551. "Ele sofreu com grande
equilíbrio mental, e beijou a estaca e a lenha que foram usados para
queimá-lo" (Burnet, History of the Reformation, II).
6.
Outro exemplo de perseguições Protestantes na Inglaterra é John Hooper. Ele foi
um líder da Igreja da Inglaterra durante o reinado de Eduardo, e em 1549, ele
escreveu ao líder Protestante Henry Bullinger em Genebra reclamando do
"rebanho Anabatista" em Londres que "causam muitos
problemas". (Ellis, Original
Letters Relative to the English Reformation, I. 65). O Protestante Hooper, que
perseguiu Batistas, foi mais tarde queimado pela rainha católica Maria.
7.
Outro exemplo é Nicolas Ridley, que foi queimado pela rainha Maria em 17 de
outubro de 1555 (ao mesmo tempo de Latimer). Como Thomas Cranmer, Ridley estava
envolvido na sentença de morte de Joan Boucher (Joan de Kent) durante o reinado
de Eduardo VI. Depois de Joan ser presa em 1548, Ridley tentou fazer com que
ela renunciasse as suas crenças. Ela era uma Anabatista de Kent, provavelmente
membro de uma pequena congregação na cidade de Eythorne. Ela era amiga íntima
da piedosa Anne Askew que tinha sido queimada durante o reinado de Henrique
VIII. Joan foi acusada de "acreditar que Cristo não encarnou da Virgem
Maria", mas esta acusação não era verdadeira. A Igreja da Inglaterra
queimou Joan de Kent em 30 de abril de 1549. Ridley também esteve envolvido com
a morte de George Van Pare em 1551. A sentença de morte deste Anabatista foi
assinada por Ridley, Cranmer, e Coverdale.
8.
O Protestante John Philpot foi queimado pela rainha Maria em 18 de dezembro de
1555. Ele também foi a favor da condenação de Joan de Kent. Ele afirmou que
“quanto a Joan de Kent, ela era uma mulher presunçosa (eu a conhecia bem), e
uma herética de fato, bem fazendo por merecer ser queimada...” (Philpot’s
Work’s, Parker Society, p. 55). Também dessa maneira a rainha católica Maria
falou a respeito do Protestante Philpot.
9.
Outro exemplo destas lamentáveis ações foi John Rogers. Ele também apoiou a
morte da Anabatista Joan Boucher. O historiador John Foxe, que para seu crédito
foi contra a execução e que tentou salvar a mulher desta condenação, suplicou
ao seu amigo Rogers para ajudá-lo. Rogers se recusou, dizendo que ela deveria
ser queimada e falou desse tipo de morte como uma sumidade. Foxe pegou a mão de
Rogers e respondeu: "Bem, pode acontecer que você tenha suas próprias mãos
cheias desta branda queimadura" (Thomas Armitage, A History of the
Baptists, 1890). Maravilharíamos-nos se Rogers pensasse sobre essa declaração,
quando alguns anos depois ele foi levado para a pilha de feixes e queimado
diante de sua esposa e de seus 11 filhos a mando da rainha Maria.
10.
Hugh Latimer foi outro famoso Protestante que apoiou a perseguição e queima de
Batistas durante o reinado de Eduardo. Latimer foi queimado pela rainha
católica Maria em 17 de outubro de 1555, mas antes disso ele mergulhou suas
mãos no sangue dos santos. Ele foi bispo de Londres no reinado de Eduardo VI, e
ainda que fosse reputado como uma pessoa bondosa, essa bondade não se estendia
aos Anabatistas. Em um de seus sermões, pregado diante do rei Eduardo, Latimer
chamou os Anabatistas de "heréticos envenenados" e se referiu as suas
mortes nas fogueiras insensivelmente comentando: "Bem, deixai-os ir para
elas" (Cranmer’s Sermons, Parker Society, vol. v).
Em
relação aos seus próprios mártires, os Protestantes certamente não evidenciaram
a atitude de Cranmer, "Bem, deixai-os ir para elas" – em outras
palavras, já vão tarde. Não significa que eles tiveram essa atitude. Os
historiadores protestantes, como Foxe e Wyle e milhares de outros tem levantado
grandes memoriais aos seus próprios mártires, mas esses mesmos historiadores
geralmente não têm levantado nada além do opróbrio sobre a memória dos
Batistas.
BATISTAS
PERSEGUIDOS NOS DIAS DA RAINHA ELIZABETH I
A
rainha Elizabeth I sucedeu a católica Maria e estabeleceu a Igreja da
Inglaterra em uma posição mais Protestante.
1.
Ainda que Elizabeth tenha concedido liberdade aos Protestantes e tratado os
católicos com moderação (ainda que eles continuamente conspirassem contra seu
trono e até mesmo contra sua vida), ela tratou os Batistas severamente.
2.
Os Batistas tinham aumentado em número na Inglaterra e estavam espalhados em
muitas partes do país. Langley, em sua obra English Baptists before 1602,
menciona igrejas em nove condados que traçam suas origens aos dias entre 1576 e
1600. Essas igrejas cresceram da pregação genuína que estava sendo feita desde
muito tempo. Eles também começaram a vir da Holanda, França e outros lugares na
esperança de que a rainha Protestante da Inglaterra lhes concedesse mais
liberdade do que existia em seus países.
3.
Encorajada pelos bispos da Igreja da Inglaterra, com poucos meses no trono,
Elizabeth emitiu uma proclamação no qual os Anabatistas deveriam ser
localizados e transportados para fora da Inglaterra, e se eles não saíssem,
deveriam ser punidos. Ela disse que os Anabatistas estavam "infectados com
perigosas opiniões".
Em
4 de fevereiro de 1559, a Alta Comissão da Corte foi estabelecida pelo
Parlamento. A rainha emitiu uma ordem contra a pregação de qualquer doutrina
contrária a Igreja da Inglaterra.
Ela
proibiu a impressão de qualquer livro "herético". Também estabeleceu
as "visitações reais", onde representantes da Coroa percorriam o país
com o poder de descobrir hereges.
No
final de 1559, o Ato de Uniformidade entrou em vigor. Ele tornou a doutrina e
prática da Igreja da Inglaterra a norma religiosa de todo o país.
4.
Em junho de 1575, dois Anabatistas holandeses foram queimados em Smithfield.
Originalmente 11 tinham sido condenados a fogueira após julgamento no
consistório da catedral de São Paulo, mas ao invés, nove acabaram sendo
banidos.
Um
dos que foram queimados foi HENDRICK TERWOOKT. Ele era um jovem de 25 anos, que
tinha se casado há poucas semanas. Ele tinha fugido para a Inglaterra para
escapar da perseguição em Flandres, pensando que a rainha Protestante Elizabeth
fosse ser misericordiosa.
O
outro condenado a fogueira foi JAN PIETERS, um senhor de idade que tinha esposa
e nove filhos dependentes do seu trabalho. Sua primeira esposa tinha sido
martirizada em Flandres, e sua atual era viúva de um mártir. Agora ela se
tornou viúva de um mártir pela segunda vez.
Os
mandados para matar esses dois homens pela rainha Protestante eram quase
exatamente os mesmos daqueles emitidos pela rainha católica Maria.
"A
rainha não mudaria de opinião. No dia 15 de julho ela assinou a ordem para a
execução dos dois homens, encarregando o magistrado de Londres a queimá-los
vivos em Smithfield. Uma cópia do documento está agora diante de mim. Existe
também diante de mim uma cópia da ordem para execução na fogueira do Arcebispo
Cranmer durante o reinado da rainha Maria. Estas ordens são substancialmente
similares. Na verdade, elas têm quase os mesmos termos, palavra por palavra.
Maria, a papista, condenando a morte Protestantes, e Elizabeth, a Protestante,
ordenando a execução de Batistas, tem as mesmas pretensões e adotam as mesmas
formas de discurso. Ambas chamam suas vítimas de "heréticos". Ambas
assumem ser 'zelosas pela justiça'. Ambas são 'defensoras da fé católica'.
Ambas declaram sua determinação em 'manter e defender a santa igreja, seus
direitos e liberdades'. Ambas admitem sua resolução de 'desenraizar e extirpar
os hereges e seus erros'. Ambas declaram que os hereges citados nas ordens de
execução foram julgados e condenados 'de acordo com as leis e normas do reino'.
Ambas encarregaram os magistrados a levar seus prisioneiros para um 'lugar
aberto e público' e lá 'executá-los na fogueira', na presença do povo, e fazer
com que eles sejam 'realmente consumidos' no dito fogo. Ambas alertaram aos
magistrados que eles cometeram atos de desobediência por sua própria conta e
risco" (John Cramp, Baptist History, 1852).
A
rainha não tinha justificativa ao afirmar que esses homens eram perigosos ao
seu trono. Eles tinham submetido a ela a seguinte declaração de fé:
"Cremos
e confessamos que magistrados são estabelecidos e ordenados por Deus, para
punir os maus e proteger os bons; aos quais desejamos de coração obedecer, como
está escrito em I Pedro 2:13, 'Sujeitai-vos, pois, a toda a ordenação humana
por amor do Senhor'. 'Pois não traz debalde a espada' (Romanos 13:4). E Paulo
nos ensina que 'devemos oferecer por todos orações, intercessões, e ações de
graças, por todos os homens; para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em
toda a piedade e honestidade. Porque isto ébom e agradável diante de Deus nosso
Salvador, Que quer que todos os homens se salvem' (I Timóteo 2:1-4). Além
disso, ele nos diz que devemos nos sujeitar 'aos principados e potestades, que
lhes obedeçam, e estejam preparados para toda a boa obra' (Tito 3:1). Portanto,
oramos para que Vossa Majestade amorosamente compreenda corretamente nosso
propósito, o qual é, que não desprezamos a eminente, nobre, e graciosa rainha,
e seu sábios conselheiros, mas os estimamos como dignos de toda honra, a quem
desejamos ser obedientes em todas as coisas que pudermos. Pois confessamos
juntamente com Paulo, como acima, que Vossa Majestade é serva de Deus, e que se
resistimos a este poder, resistimos a ordenança de Deus; pois 'os magistrados
não são terror para as boas obras, mas para as más'. Desse modo, confessamos
estar sujeitos a Vossa Majestade, e prontos a dar, tributos, taxas, honra e
temor, como o próprio Cristo nos ensinou, dizendo: 'Dai pois a César o que é de
César, e a Deus o que é de Deus'. (Mateus 22:21). Desde que, Vossa Majestade, é
uma serva de Deus, nós amorosamente oramos para que se agrade em mostrar
piedade a nós, pobres prisioneiros, pois até mesmo nosso Pai no céu é piedoso
(Lucas 6:36). De igual modo, não aprovamos aqueles que resistem aos magistrados;
mas confessamos e declaramos de todo o nosso coração que devemos ser obedientes
e sujeitos a eles, como aqui registramos" (Von Braght, Martyr’s Mirror, p.
929).
5.
Em 1539, dois ministros puritanos, Copping e Thacker, foram enforcados por não
conformidade (J.J. Stockdale, The History of the Inquisitions, 1810, p. xxx).
6.
Na época da derrota da Armada Espanhola, em 1588, Elizabeth nomeou John
Whitgift como Arcebispo de Canterbury. Em seu zelo por trazer todos em
conformidade com a Igreja da Inglaterra, ele encheu as prisões de Batistas.
"... aconteceu que 52 pessoas foram mantidas encarceradas por um longo
período de tempo 'nas mais fétidas e horrendas prisões" sem 'camas, ou ao
menos palha para se deitarem'". Em seus sermões, Whitgift chamava os Anabatistas
de "pessoas desobedientes e arrogantes". Alguns fugiram do país, mas
muitos permaneceram e foram perseguidos.
7.
A perseguição tirou em grande medida os Batistas de vista durante o reinado de
Elizabeth, mas sabemos que eles continuaram a existir. O historiador Strype
descreve uma igreja em Londres, em 1588, com posições Anabatistas. Ele diz que
essa igreja se reunia regularmente aos domingos, pregava a Palavra de Deus,
recolhia ofertas, enviava assistência aos seus irmãos perseguidos nas prisões,
não considerava a Igreja da Inglaterra uma igreja verdadeira, rejeitava o
batismo infantil, e defendia que o governo não devia interferir nos assuntos de
religião.
BATISTAS
PERSEGUIDOS DURANTE OS DIAS DO REI TIAGO I
Quando
Elizabeth morreu, Tiago I (1603-25) subiu ao trono da Inglaterra. Ele foi o rei
que autorizou a tradução da obra-prima da literatura inglesa, a Bíblia do rei
Tiago, que apareceu em 1611.
1.
Ele também perseguiu Batistas com paixão. Eles foram presos, seus bens
confiscados, e um foi queimado.
2.
O último homem queimado vivo na Inglaterra por causa de sua religião foi EDWARD
WIGHTMAN, um Batista, em Smithfield em 11 de abril de 1612, durante o reinado
de Tiago I (um mês antes, Bartholomew Legate também tinha sido queimado. É dito
que ele era um ariano, que negava a divindade de Cristo). Wightman foi acusado
de uma grande variedade de "heresias", mas como Thomas Crosby, autor
de The History of the English Baptists (1738) observa, "muitas das
heresias que eles o acusaram eram tão sem cabimento e inconsistentes que muito
do que disseram caiu em descrédito. Se eles realmente cressem nessas acusações
seriam ou idiotas ou loucos, e deveriam ter dado suas orações e assistência, ao
invés de condená-lo a essa morte cruel" (Crosby, I, p. 108). Três dos
artigos sobre o qual Wightman foi condenado dizem assim: "Que o batismo de
crianças é uma prática abominável. Que a Ceia do Senhor não é para ser
celebrada como eles estão agora praticando na Igreja da Inglaterra: Que o
Cristianismo não é totalmente professado e pregado na Igreja da Inglaterra, mas
em parte somente". Nesses três artigos eu tomo posição com esse antigo
mártir Batista! É um fato interessante que tanto o primeiro quanto o último
mártir executado na Inglaterra por causa de religião eram Batistas. "O
primeiro a ser morto por esta cruel forma de execução foi William Sawtre,
supõe-se muito provavelmente por ter negado o batismo infantil; e este, o
último que foi honrado com este tipo de martírio, foi expressamente condenado
por esta causa: assim, que esta seita teve a honra tanto de liderar o caminho
quanto de comandar a retaguarda de todos os mártires que foram queimados vivos
na Inglaterra" (Crosby, I, p. 109).
3.
Outros morreram durante o reinado de Tiago I, mas não nas fogueiras. Eles
morreram nas prisões. Não foi por causa da bondade do rei, mas por causa do
clamor do povo contra esse tipo de execução. O historiador Thomas Fuller
observa que: "Politicamente, o rei Tiago preferia que hereges dali em
diante, embora condenados, devessem silenciosa e ocultamente definhar longe,
nas prisões, ao invés de honrá-los e deleitar a outros, com a solenidade de uma
execução pública, em que um julgamento popular usurpasse a honra da
perseguição" (Fuller, The Church History of Britain). Thomas Crosby
concorda: "O rei Tiago escolheu então para o futuro somente confiscar seus
bens e acabar com suas vidas discretamente em horríveis prisões, ao invés de
honrá-los com um martírio público, onde inevitavelmente eles estariam sob a
marca da perseguição" (The History of the English Baptists, I, p.
110).
4.
Em 1610, os Batistas fizeram uma petição ao Parlamento para libertá-los da
prisão onde estavam por causa de sua consciência.
Se
dirigindo a assembleia de maneira humilde e gentil, a petição Batista continha
essas tocantes palavras: "Uma súplica deveras humilde de pobres
prisioneiros e muitos leais súditos nativos do rei prontos a testificar pelo
juramento de lealdade em toda sinceridade, cujas injustiças são lamentáveis,
somente por causa da consciência".
A
petição está preservada na biblioteca do Parlamento e está marcada como
"lida e rejeitada".
5.
Pelo menos seis dos homens envolvidos na tradução da Bíblia King James participaram
da perseguição contra os Batistas e outros separatistas em 1590.
Richard
Bancroft, que reuniu as instruções para a tradução, trabalhou com o Arcebispo
de Canterbury Whigift "desenraizando as congregações separatistas em
Londres" (Adam Nicholson, God’s Secretaries, p. 86). Bancroft foi
extremamente agressivo nessa atividade, enviando espiões para descobrir
separatistas. Quando ele se tornou Arcebispo de Canterbury no lugar de Whigift,
continuou a obra de perseguição contra todos os "não conformistas".
Lancelot
Andrewes, triste dizer, estava envolvido nesta lamentável empreitada. Ele era
encarregado dos interrogatórios de separatistas, a mando de Bancroft, indo ele
mesmo nas "fétidas celas" em uma tentativa de encontrar alguma
heresia contra as vítimas da inquisição Anglicana. Ele interrogou Henry Barrow,
um líder separatista, em março de 1590 na prisão de Fleet. Barlow começou
enfatizando que seu único padrão era a Bíblia, que "o Livro de Deus devia
pacificamente decidir toda nossa controvérsia". Ele afirmou: "Eu
prontamente submeto toda minha fé a ser testada e julgada pela Palavra de
Deus". Andrewes respondeu que cristãos deveriam permitir "a igreja”
interpretar a Escritura e que eles não deveriam exigir o direito de interpretá-la
particularmente, não deveriam, como ele colocava, ter um "espírito
privado". Barrow queixou-se de estar preso por três anos e que "o
isolamento, a total privação sensorial, a sordidez das condições o tinham
levado a uma profunda depressão" (Nicholson, p. 91). A resposta de
Andrewes a este compassivo apelo foi a sua desgraça: "Para quem está preso
em isolamento, você deveria estar muito feliz. A vida contemplativa e solitária
eu defendo que seja a coisa mais abençoada que exista. É a vida que eu
escolheria". Barrow entendeu o quão tola tinha sido esta declaração e
replicou: "Você fala de forma filosófica, mas não cristã. Tão doce é a
harmonia da graça de Deus no homem na congregação, e a conversão dos santos em
todas as épocas, que eu penso de mim mesmo como um pardal no topo de uma casa
quando estou exilado aqui. Mas você poderia estar contente também, senhor
Andrewes, em se privar da prática do exercício e do ar livre por tanto tempo?
Esses são também necessários para um corpo natural". Andrewes tinha de
fato respondido de forma filosófica e não cristã. Não é cristão perseguir
aqueles que acreditam diferentemente, lançá-los na prisão e queimá-los. Barrows
foi morto em 6 de abril de 1593, após seis anos de cárcere, e Andrewes falou
com ele novamente na véspera de sua morte. Barrows foi condenado a morte
"por negar a autoridade dos bispos, por negar a santidade da Igreja da
Inglaterra e sua liturgia e negar a autoridade sobre ela da rainha".
Henry
Saville esteve envolvido nesses interrogatórios. Ele interrogou Daniel Studley
na prisão Fleet.
Thomas
Sparkes interrogou o jovem de 18 anos Roger Waters, que foi mantido preso por
um ano "em correntes nos piores e mais pútridos antros da prisão de
Newgate, conhecida como O Limbo" (Nicholson, God’s Secretaries, p. 88).
Thomas
Ravis sucedeu a Bancroft como bispo de Londres e seguiu seus passos na
perseguição. "Tão logo assumiu seu lugar em Londres, ele estendeu sua mão
para atormentar os Puritanos não conformistas. Entre outros que ele intimou a
comparecer diante de si estava Richard Rogers, um santo e abençoado homem, que
por quase 50 anos foi um fiel ministro de Weathersfield, de quem é dito que 'o
Senhor o honrara como a nenhum outro na conversão de almas'. Na presença deste
venerável homem, que por ter andado junto com Deus, foi chamado o Enoque de sua
época, o bispo Ravis protestou, 'pela ajuda de Jesus, eu não permitirei a
nenhum pregador permanecer na diocese, que não se submeta e se conforme'. O
pobre prelado foi condenado a se submeter; quando ele morreu, antes sua obrigação
tinha iniciado, em 14 de dezembro de 1609" (Alexander McClure, The
Translators Revived, 1855).
George
Abbot, que se tornou Arcebispo de Canterbury, foi um perseguidor: "Ele não
hesitaria, posteriormente em sua carreira de usar a tortura contra os infames,
nem em executar separatistas" (Nicholson, p. 157).
6.
Em 1615, os Batistas fizeram uma petição ao rei Tiago por liberdade religiosa.
Eles declararam sua doutrina claramente e a provaram da Escritura que não é a
vontade de Cristo que cristãos persigam aqueles que têm crenças diferentes.
Isto também foi rejeitado.
7.
Joseph Ivimey observa que os Batistas "sofreram severamente de 1590 a
1630". Segue uma descrição feita por um prisioneiro Batista:
"Nossas
misérias são longas e permanentes prisões por muitos anos em diversos condados
da Inglaterra, nos quais muitos morreram e deixaram para trás viúvas e muitos
filhos pequenos; tomaram nossos bens, e outros semelhantes, dos quais podemos
provar a veracidade do ocorrido; não por alguma deslealdade a nossa majestade,
nem prejudicar a qualquer homem mortal, nossos adversários eles mesmos sendo
juízes, mas somente porque não ousamos consentir e praticar nessa adoração de
Deus, coisas no qual não cremos, porque é um pecado contra o Altíssimo"
(extraído de um trecho de "Uma Humilde Súplica de muitos e leais súditos
da majestade o rei, prontos a testificar toda obediência civil, pelo juramento
de fidelidade ou de maneira diferente, e da consciência, que somos perseguidos
(somente por diferir em religião), contrária aos testemunhos divino e
humano". (Citado por John Cramp, Baptist History).
8.
A cruel atitude de muitos ministros Anglicanos em relação aos Batistas foi
exemplificada em 1644, com a publicação de "THE DIPPERS DIPT; or, the
Anabaptists Duckt and Plunged over Head and Ears at a Disputation at
Southwark". O influente autor Anglicano Daniel Featley, descreveu os
Anabatistas em Viena sendo acorrentados em grupos e mergulhados no rio. Ele
então observa friamente: "Aqui você vê a mão de Deus ao punir esses
sectários de alguma forma responsáveis pelo seu pecado....". Segue outra
publicação desse tipo:
"De
todos os hereges e cismáticos, os Anabatistas são os que mais atentamente devem
ser notados e severamente punidos, senão totalmente exterminados e banidos da
Igreja e do reino. ... Eles pregam e imprimem e praticam suas heréticas
impiedades abertamente; eles realizam suas reuniões semanalmente em nossas
principais cidades e nos seus subúrbios, e lá profetizam regularmente. ... Eles
se reúnem em grandes multidões nos seus 'rios Jordão', e ambos os sexos entram
no rio, e são submergidos segundo seu costume com um tipo de palavreado mágico,
contendo a parte mais importante de seus errôneos princípios.....E como eles
contaminam nossos rios com suas impuras lavagens, e nossos púlpitos com suas
falsas profecias e entusiasmo fanático, assim impõem sofrimento e dor sob o
fardo de suas blasfêmias" (Featley, The Dippers Dipt).
BATISTAS
PERSEGUIDOS NA INGLATERRA ENTRE 1626-1689
A
Igreja Anglicana continuou a perseguir aqueles que tentavam adorar de forma
independente até quase o fim do século 17.
1.
Muitos pregadores Batistas permaneceram por longo tempo nas prisões inglesas no
século 17.
Francis
Bampfield morreu na prisão depois de passar os últimos nove anos de sua vida em
grilhões.
John
Miller ficou preso por dez anos.
Henry
Forty passou doze anos na prisão.
John
Bunyan escreveu sua famosa obra "O Peregrino" enquanto esteve na
prisão por 12 longos anos, impossibilitado de cuidar de sua esposa e sua amada
filha cega.
Joseph
Wright ficou preso em Maidstone por 20 anos.
George
Fownes morreu na prisão de Gloucester.
Samuel
Howe morreu na prisão em 1640 e foi enterrado na margem de uma estrada porque a
Igreja da Inglaterra não permitiu que ele fosse sepultado em um cemitério.
Thomas
Delaune e sua família morreram na infame prisão de Newgate.
Delaune
cresceu em uma família católica na Irlanda, teve uma boa educação, e foi levado
a Cristo por um pregador Batista. Ele se mudou para Londres e se tornou um
mestre nas Escrituras e membro de uma Igreja Batista.
Benjamin
Calamy, um capelão do rei, publicou um sermão desafiando os não conformistas a
publicarem suas doutrinas e discordâncias com a Igreja da Inglaterra. Delaune
respondeu ao desafio e escreveu sua "Contestação dos Não
Conformistas". Quando o livro estava sendo impresso, foi confiscado por um
mensageiro do rei e Delaune acabou preso.
Da
prisão ele escreveu a Calamy e pediu que ele intervisse em seu favor, mas ele
se recusou a ajudar e até mesmo a responder a carta de Delaune.
Em
janeiro de 1684, Delaune foi multado em 100 marcos [N.T.: antiga unidade
monetária da Inglaterra] e foi mantido preso até que a multa fosse paga, para
garantir fiança por mais de um ano, e seu livro foi queimado. Como ele agora
não tinha trabalho, não pode pagar a multa e sua família empobreceu. Sua esposa
e seus dois filhos pequenos tiveram que viver com ele na prisão por não terem
sustento, e as insalubres condições lá encontradas tiraram a vida deles um após
o outro.
2.
Crentes na Bíblia foram cruelmente perseguidos durante os reinados dos reis
Carlos II (1660-1685) e Tiago II (1685-1688).
3.O
"Ato de Uniformidade" em 1662 levou muitos aos açoites e
prisões.
A
primeira resolução do Ato em 1664 proibiu todas as assembléias religiosas que
não estivessem em conformidade com a Igreja da Inglaterra. As penalidades eram
severas multas e prisões e para uma terceira transgressão, o banimento para as
colônias na América do Norte por sete anos.
O
Ato das "cinco milhas" de 1665 proibiu os pregadores não conformistas
de adentrar cinco milhas [N.T.: ou 9265 metros] em qualquer cidade ou vilarejo
que tivesse uma congregação da Igreja da Inglaterra. Esse ato também proibiu
que eles ensinassem em qualquer escola pública ou privada. A penalidade para
cada desobediência era uma pesada multa que estava além do que a maior parte
das pessoas podia pagar.
A
segunda resolução do Ato em 1670 foi ainda pior.
Em
acréscimo as prisões e outros tormentos, este Ato trouxe severas multas não
somente para todos os pregadores e adoradores não conformistas, mas também
sobre os proprietários de imóveis usados para reuniões deles.
As
multas eram pagas através da venda de bens dos crentes, que muitas vezes eram
vendidas por um valor insignificante comparadas ao seu preço real. Desde que um
terço do valor da multa era para o informante, muitos eram motivados a delatar
os separatistas.
Muitos
acabaram na miséria. Pais presos não podiam fazer nada para ajudar suas
famílias desamparadas.
Entre
1660 e 1689, em torno de 70.000 homens e mulheres sofreram perseguição
religiosa na Inglaterra; 8.000 morreram; e dezenas de milhões de dólares foram
pagos em multas.
4.
O longo braço da Igreja Anglicana também trouxe perseguição aos crentes na
América do Norte antes da sua independência. A colônia da Virgínia era
Anglicana, e em 1643, o governador desencadeou a perseguição contra os
dissidentes. Muitos foram chicoteados, marcados com ferro quente, encarcerados,
multados e expulsos da colônia.
5.
Finalmente, em 1689, o Ato de Tolerância entrou em vigor na Inglaterra, o que
reduziu grandemente a pressão sobre todos os dissidentes, concedendo-lhes
liberdade de consciência e tornando uma ofensa perturbar quem quer que fosse em
sua forma de adoração. Mas 155 anos depois de seu estabelecimento é que a
Igreja da Inglaterra interrompeu de fato a perseguição.
AS
PERSEGUIÇÕES PROTESTANTES NA AMÉRICA DO NORTE
Os
Protestantes que se estabeleceram na América do Norte, ainda que fugindo da
perseguição religiosa, perseguiram Batistas, Quakers e outros que diferiam
deles até a época da independência Americana e da formação da Constituição dos
Estados Unidos. Vamos dar dois exemplos disso:
MASSACHUSETTS
1.
Massachusetts foi fundada pela colônia de Peregrinos em Plymouth, em 1620, e
pelos Puritanos da colônia da baía de Massachusetts em 1630.
Os
Peregrinos eram separatistas que tinham sido forçados a fugir da perseguição da
Igreja da Inglaterra. Eles ficaram por um breve período de tempo nos Países
Baixos, então foram para a América. Quando estavam ainda nos Países Baixos,
eles desfrutaram de alguma liberdade religiosa, mas não concederam a mesma a
outros. Eles praticavam batismo infantil e denunciavam os Anabatistas.
Os
Puritanos eram Anglicanos que desejavam algumas reformas na Igreja da
Inglaterra, mas não queriam se separar dela. Eles trouxeram da Inglaterra o
falso conceito de uma Igreja estatal e de um espírito perseguidor.
2.
Seguem alguns exemplos das perseguições Protestantes no começo da história de
Massachusetts antes da formação dos Estados Unidos.
ROGER
WILLIAMS foi banido de Massachusetts em 1635.
Um
homem instruído e zeloso que podia ler a Bíblia em grego e hebraico, Williams
tinha chegado na América vindo da Inglaterra com sua nova esposa em fevereiro
de 1631.
Ele
era um ministro Anglicano, e na época que veio para a América, ainda praticava
o batismo infantil.
Enquanto
vivia em Plymouth, Williams pregou aos índios nativos. Ele aprendeu seu idioma
e fez muitos amigos entre eles, incluindo dois de seus chefes.
Em
agosto de 1634, ele foi designado pastor da congregação Anglicana em Salem.
Mas
em 9 de outubro de 1635, ele foi banido da colônia por pregar "novas e
perigosas opiniões". Foi lhe dado seis semanas para partir, e em janeiro,
ele foi forçado a ir para o sertão no meio de um brutal inverno na Nova
Inglaterra.
Os
índios o ajudaram, e em junho, ele viajou de canoa por um rio até Rhode Island
e estabeleceu o assentamento de Providence.
Outros
se juntaram a ele, vindos de Massachusetts e este lugar se tornou um bastião de
liberdade religiosa. Seu propósito declarado era "exibir uma experiência
viva, em que um florescente estado civil pode surgir e melhor ser mantido com
plena liberdade em assuntos religiosos".
Em
março de 1639, Roger Williams foi publicamente batizado por imersão, e a
primeira Igreja Batista de Rhode Island foi formada. Esta é comumente
considerada a mais antiga Igreja Batista na América.
Em
março de 1644, Williams obteve uma autorização do rei da Inglaterra para
estabelecer oficialmente Rhode Island.
Williams
escreveu "The Bloody Tenet of Persecution for Cause of Conscience",
no qual ele defendeu corajosamente a liberdade de consciência.
Ainda
que muitas calúnias tenham sido lançadas sobre Roger Williams por vários
historiadores, muitos escritores Batistas instruídos (bem como outros)
estabeleceram o registro correto. Como Thomas Armitage e David Benedict, por
exemplo.
Em
1643, Lady Deborah Moody, proprietária de 400 acres de terra em Swampscott, foi
forçada a ir para Long Island, Nova York, viver entre os holandeses para
escapar da perseguição em Massachusetts. Seu "crime" foi o de negar o
batismo infantil.
A
primeira lei contra os Batistas na América foi feita em Massachusetts, em
novembro de 1644. A lei ameaçava com severas punições os Anabatistas. Naquele
ano, Thomas Painter foi chicoteado por negar o batismo infantil.
Em
fevereiro de 1646, William Witter e John Wood de Lynn foram publicamente
repreendidos e multados por negarem o batismo infantil. John Spur foi multado
em julho de 1651 pelo mesmo "crime".
Em
1651, alguns Batistas foram presos e um foi brutalmente chicoteado em
Massachusetts.
Esses
presos eram John Clark, Obadiah Holmes, e John Crandal.
Eles
tinham vindo de uma Igreja Batista em Newport, Rhode Island, e estavam visitando
o já citado William Witter, um cristão idoso em Lynn, Massachusetts. Nessa
época não existiam igrejas Batistas em Massachusetts.
Era
sábado e eles realizaram um culto na casa de Witter, e enquanto o senhor Clark
estava pregando o texto de Apocalipse 3:10, dois guardas invadiram a casa, os
prenderam, e os levaram para a prisão em Boston.
Holmes
foi açoitado com 30 chibatadas de um chicote de três cordas. Em uma carta para
uma Igreja Batista na Inglaterra, Holmes relatou a misericórdia do Senhor em
fortalecê-lo durante esta provação:
"…em
verdade, quando recebia os açoites, eu tive uma manifestação espiritual da
presença de Deus, como nunca havia tido antes, nem sentido, nem posso com
palavras da língua carnal expressar, e a dor que transparecia foi tirada de
mim, de uma maneira que eu não sou capaz de declarar, e foi tão fácil de
suportar bem, sim, de certo modo, eu não sentia, ainda que fosse terrível, como
os espectadores diziam, o homem batia com toda a sua força (sim, cuspindo em
suas mãos três vezes, como muitos afirmaram) um chicote de três cordas, me
açoitando 30 vezes. Quando ele me soltou do poste, tendo regozijo em meu
coração e alegria em meu rosto, como os espectadores observaram, eu disse aos
magistrados, vocês me tocaram com rosas...".
Ainda
que ele afirmasse que não sentiu a dor do açoite naquele momento, ele sofreu
muito os seus efeitos. O açoite foi tão cruel em suas costas, nos lados e
abdome que Holmes não pode se deitar por muitos dias depois.
Nessa
época, outros dois Batistas, John Hazel e John Spur, foram presos porque eles
encorajaram e confortaram Holmes depois que ele foi chicoteado.
Depois
a primeira Igreja Batista foi finalmente formada em Massachusetts por volta de
1656, e os membros "passavam a maior parte de seu tempo em tribunais e
prisões; eles foram muitas vezes multados, e alguns deles banidos". O
pastor dessa igreja, Thomas Gould, foi preso por causa de sua fé. Quando esta
igreja mais tarde construiu um prédio para suas reuniões, as autoridades civis,
em 1680, fecharam as portas com pregos e ordenaram a eles que não se reunissem
ali.
Uma
segunda Igreja Batista não foi formada em Massachusetts até 1749. Esta foi
fundada na cidade de Sturbridge e muitos de seus membros foram presos, multados
e tiveram suas propriedades confiscadas.
Outra
Igreja Batista foi formada em 1761 na cidade de Ashfield e foi tratada da mesma
maneira. Muitos membros dessa igreja tiveram todas as suas terras e plantações
confiscados.
3.
Esta perseguição continuou contra muitas outras igrejas Batistas que foram
estabelecidas naqueles dias e não teve fim até Massachusetts se tornar uma
colônia dos Estados Unidos e formar sua constituição em 1780. Através dos
esforços dos Batistas e outros amantes da liberdade religiosa, ela foi incluída
na Declaração dos Direitos do Cidadão [N.T.: mais conhecida como Bill of Rights]
garantindo liberdade de crença.
VIRGÍNIA
1.
Os primeiros a se estabelecerem na Virgínia eram quase todos da Inglaterra, e
fundaram igrejas Anglicanas.
2.
Pelos Atos de 1623, 1643 e 1661, todos os cidadãos foram obrigados a seguir
essa religião e doutrina.
3.
Os Atos da Assembléia da Virgínia de 1659, 1662 e 1663, exigia que todas as
crianças fossem batizadas e proibia as reuniões de Quakers e outros
dissidentes.
4.
Os ministros Anglicanos eram sustentados pelas taxas recolhidas dos cidadãos.
5.
Seguem alguns exemplos das perseguições Protestantes na Virgínia:
Em
4 de junho de 1768, vários Batistas foram detidos em Spottsylvania. Entre esses
estavam John Waller, Lewis Craig, e James Childs. Eles ficaram quase seis
semanas na prisão.
Em
dezembro de 1770, William Webber e Joseph Anthony foram presos por pregarem em
Chesterfield, Virgínia. Eles permaneceram na prisão até março de 1771.
Webber
foi novamente preso em agosto enquanto estava pregando em Middlesex. Também
foram presos John Waller, James Greenwood, Robert Ware, e Thomas Waford.
Waller, Greenwood, Ware, e Webber ficaram presos por um mês.
Thomas
Waford foi tão severamente açoitado com chicote que levou as cicatrizes para
sua sepultura.
Em
agosto de 1772, James Greenwood e William Loveall ficaram presos no condado de
King and Queen por 16 dias.
Em
13 de março de 1774, todos os pregadores Batistas em Piscataway foram detidos e
enviados para a prisão. Esses foram John Waller, John Shackleford, e Robert
Ware.
Ao
todo, 30 pregadores Batistas passaram algum tempo na prisão na Virgínia, alguns
até por quatro vezes.
6.
Essas perseguições continuaram até a Virgínia se juntar aos Estados
Unidos.
7.
Apesar disso, as igrejas Batistas cresciam rapidamente na Virgínia durante
esses dias. A primeira igreja foi formada em 1767 e a segunda em 1769. Em
quatro anos haviam por volta de 50 igrejas.
CONCLUSÃO
Tudo
isso me faz lembrar a parábola do homem que foi perdoado de uma dívida. Ele
devia ao seu rei 10.000 talentos, o que é uma quantia enorme de dinheiro, mas
quando ele não pode pagar e suplicou ao seu rei para que tivesse misericórdia,
o rei livremente o perdoou de toda sua dívida. Esse mesmo homem então se virou
e perseguiu outro homem que lhe devia uma quantia muito, muito menor (Mateus
18:23-35).
De
igual modo, os Protestantes de forma sincera, buscavam liberdade religiosa do
catolicismo romano. Quando eles a conseguiram se recusaram a conceder a mesma
aos Batistas, ainda que estes suplicassem a eles humildemente e citassem as
Escrituras da forma mais sensata e piedosa possível.
Por
exemplo, quando Hans Muller foi trazido diante do conselho Protestante da
cidade de Zurique por sua negação ao batismo infantil, ele suplicou desse modo:
"Não coloquem um peso sobre a minha consciência, pois a fé é um dom
gratuitamente dado por Deus, e não é de propriedade particular. O mistério de
Deus se esconde, como o tesouro no campo, o qual nenhum homem pode achar, salvo
para aquele a quem o Espírito Santo o mostrar. Assim, eu imploro a vocês,
servos de Deus, deixem minha fé permanecer livre" (John Christian, A
History of the Baptists). A súplica de Muller foi ignorada, como foram das
dezenas de milhares de Batistas daquela época.
Sob
a autoridade da parábola do Senhor e o teor de todas as Escrituras do Novo
Testamento, podemos ter a certeza de que o Senhor não olhou com desconsideração
a este terrível pecado e que Ele não o perdoou como muitos historiadores
Protestantes têm feito. Muitos argumentam "a ignorância daqueles
tempos", mas os perseguidores Protestantes daquela época tinham a Bíblia e
a professavam como sua única autoridade de fé e prática. Eles, portanto, não
tem desculpas por não conhecerem a vontade do Senhor. Os tempos eram muito
tenebrosos, mas os Batistas, com a mesma Bíblia na mão, viram uma grande luz, e
essa luz era a fé do Novo Testamento não envernizada pela tradição humana, e
essa fé não nos concede autoridade para perseguir aqueles que não creem como
nós. Podemos pregar contra o erro. Podemos disciplinar membros da igreja que
pecam. Podemos rejeitar os hereges. Mas não podemos lançar mãos neles e
forçá-los a crer como nós. Isto é característico de um lobo, não de uma
ovelha.
Traduzido por Edimilson de Deus Teixeira
Fonte: Way of Life
